Francisco Cândido Xavier |
Pelo Espírito Neio Lúcio |
Parte 02 |
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11 - O
santo desiludido |
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14 - A
coroa e as asas |
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15 - O
ministro sábio |
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16 - O
auxílio mútuo |
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18 - A bênção do estímulo |
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Inclinara-se
a palestra, no lar humilde de Cafarnaum, para os assuntos alusivos à devoção, quando o
Mestre narrou com significativo tom de voz:
Um venerado devoto retirou-se, em definitivo, para uma gruta isolada, em plena floresta, a
pretexto de servir a Deus. Ali vivia, entre orações e pensamentos que julgava
irrepreensíveis, e o povo, crendo tratar-se de um santo messias, passou a reverenciá-lo
com intraduzível respeito. Se alguém pretendia efetuar qualquer negócio do mundo,
dava-se pressa em buscar-lhe o parecer. Fascinado pela alheia consideração, o crente,
estagnado na adoração sem trabalho, supunha dever situar toda gente em seu modo de ser,
com a respeitável desculpa de conquistar o paraíso.
Se um
homem ativo e de boa-fé lhe trazia à apreciação algum plano de serviço comercial,
ponderava, escandalizado:
É um erro. Apague a sede de lucro que lhe ferve nas veias. Isto é ambição criminosa.
Venha orar e esquecer a cobiça.
Se esse
ou aquele jovem lhe rogava opinião sobre o casamento, clamava, aflito:
É disparate. A carne está submetendo o seu espírito. Isto é luxúria. Venha orar e
consumir o pecado.
Quando
um ou outro companheiro lhe implorava conselho acerca de algum elevado encargo, na
administração pública, exclamava, compungido:
É um desastre. Afaste-se da paixão pelo poder. Isto é vaidade e orgulho. Venha orar e
vencer os maus pensamentos.
Surgindo
pessoa de bons propósitos, reclamando-lhe a opinião quanto a alguma festa de
fraternidade em projeto, objetava, irritadiço:
É uma calamidade. O júbilo do povo é desregramento. Fuja à desordem. Venha orar
subtraindo-se à tentação.
E assim,
cada consulente, em vista da imensa autoridade que o santo desfrutava, se entristecia de
maneira irremediável e passava a partilhar-lhe os ócios na soledade, em absoluta
paralisia da alma.
O tempo,
todavia, que todo transforma, trouxe ao preguiçoso adorador a morte do corpo físico.
Todos os
seguidores dele o julgaram arrebatado ao Céu e ele mesmo acreditou que, do sepulcro,
seguiria direto ao paraíso. Com inexcedível assombro, porém, foi conduzido por forças
das trevas a terrível purgatório de assassinos. Em pranto desesperado indagou, à vista
de semelhante e inesperada aflição, dos motivos que lhe haviam sitiado o espírito em
tão pavoroso e infernal torvelinho, sendo esclarecido que, se não fora homicida vulgar
na Terra, era ali identificado como matador da coragem e da esperança em centenas de
irmãos em humanidade.
Silenciou
Jesus, mas João, muito admirado, considerou:
Mestre, jamais poderia supor que a devoção excessiva conduzisse alguém a infortúnio
tão grande!
O
Cristo, porém, respondeu, imperturbável:
Plantemos a crença e a confiança entre os homens, entendendo, entretanto, que cada
criatura tem o caminho que lhe é próprio. A fé sem obras é uma lâmpada apagada. Nunca
nos esqueçamos de que o ato de desanimar os outros, nas santas aventuras do bem, é um
dos maiores pecados diante do Poderoso e Compassivo Senhor.
12 - Os descobridores do homem
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Finda a
leitura de alguns trechos da história de Job, a palestra na residência de Simão versou
acerca da fidelidade da alma ao Pai Todo-Poderoso.
Diante
da vibração de alegria em todos os semblantes, Jesus contou, bem-humorado:
Apareceu na velha cidade de Nínive um homem tão profundamente consagrado a Deus que
todos os seus contemporâneos, por isso, lhe rendiam especial louvor. Tão rasgados eram
os elogios à sua conduta que as informações subiram ao Trono do Eterno. E, porque
vários Arcanjos pedissem ao Todo-Poderoso a transferência dele para o Céu, determinou a
Divina Sabedoria fosse procurado, na selva da carne, a fim de verificar-se, com exatidão,
se estava efetivamente preparado para a sublime investidura.
Para
isso, os Anjos Educadores, a serviço do Altíssimo, enviaram à Terra quatro rudes
descobridores de homens santificados e a Necessidade, o Dinheiro, o Poder e a
Cólera desceram, cada qual a seu tempo, para efetuarem as provas indispensáveis.
A
necessidade que, em casos desses, sempre surge em primeiro lugar, aproximou-se do grande
crente e se fez sentir, de vários modos, dando-lhe privações, obstáculos, doenças e
abandono de entes amados; entretanto, o devoto, robusto na confiança, compreendeu na
mensageira uma operária celeste e venceu-a, revelando-se cada vez mais firme nas virtudes
de que se tornara modelo.
Chegou,
então, a vez do Dinheiro. Acercou-se do homem e conferiu-lhe mesa lauta, recursos imensos
e considerações sociais de toda sorte; mas o previdente aprendiz lembrou-se da caridade
e, afastando-se das insinuações dos prazeres fáceis, distribuiu moedas e posses em
multiplicadas obras do bem, conquistando o equilíbrio financeiro e a veneração geral.
Vitorioso
na segunda prova, veio o Poder, que o investiu de larga e brilhante autoridade. O devoto,
contudo, recordou que a vida, com todas as honrarias e dons, é simples empréstimo da
Providência Celestial e usou o Poder com brandura, educando quantos o rodeavam, por
intermédio da instrução e do trabalho bem orientados, recebendo, em troca, a
obediência e a admiração do povo entre o qual nascera.
Triunfante
e feliz, o crente foi visitado, enfim, pela Cólera. De maneira a sondar-lhe a posição
espiritual, a instrutora invisível valeu-se dum servo fraco e ignorante e tocou-lhe o
amor próprio, falando, com manifesta desconsideração, em assunto privado que, embora
expressão da verdade, constituía certo desrespeito a qualquer pessoa de sua estatura
social e indiscutível dignidade.
O devoto
não resistiu. Intensa onda sangüínea lhe surgiu no rosto congesto e ele se desfez em
palavras contundentes, ferindo familiares e servidores e prejudicando as próprias obras.
Somente depois de muitos dias, conseguiu restaurar a tranqüilidade, quando, porém, a
Cólera já lhe havia desnudado o íntimo, revelando-lhe o imperativo de maior
aperfeiçoamento e notificando ao Senhor que aquele filho, matriculado na escola de
iluminação, ainda requeria muito tempo, na experiência purificadora, para situar-se nas
vibrações gloriosas da vida superior.
Curiosidade
geral transparecia do semblante de todos os presentes, que não ousaram trazer à baila
qualquer nova ponderação. Estampando no rosto sereno sorriso, o Cristo terminou:
Quando o homem recebe todas as informações de que necessita para elevar-se ao Céu,
determina o Pai Amoroso seja ele procurado pelas potências educadoras. A maioria dos
crentes perdem a boa posição, que aparentemente desfrutavam, nos exercícios da
Necessidade que lhes examina a resistência moral; muitos voltam estragados das sugestões
do Dinheiro que lhes observa o desprendimento dos objetivos inferiores e a capacidade de
agir na sementeira do bem; alguns caiem, desastradamente, pelas insinuações do Poder que
lhes experimenta a competência para educar e salvar os companheiros da jornada humana, e
raríssimos são aqueles que vencem a visita inesperada da Cólera, que vem ao círculo do
homem anotar-lhe a diminuição do amor próprio, sem a qual o espírito não reflete o
brilho e a grandeza do Criador, nos campos da vida eterna.
O Mestre
calou-se, sorriu compassivamente, de novo, e, porque ninguém retomasse a palavra, a
reunião da noite foi encerrada.
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No curso
das elucidações domésticas, Judas conversava, entusiástico, sobre as anomalias na
governança do povo, e, exaltado, dizia das probabilidades de revolução em Jerusalém,
quando o Senhor comentou, muito calmo:
Um rei antigo era considerado cruel pelo povo de sua pátria, a tal ponto que o principal
dos profetas do reino foi convidado a chefiar uma rebelião de grande alcance, que o
arrancasse do Trono.
O
profeta não acreditou, de início, nas denúncias populares, mas a multidão insistia.
O rei era duro de coração, era mau senhor, perseguia, usurpava e flagelava os
vassalos em todas as direções clamava-se desabridamente.
Foi
assim que o condutor de boa-fé se inflamou, igualmente, e aceitou a idéia de uma
revolução por único remédio natural e, por isso, articulou-a em silêncio, com algumas
centenas de companheiros decididos e corajosos. Na véspera do cometimento, contudo, como
possuía segura confiança em Deus, subiu ao topo dum monte e rogou a assistência divina
com tamanho fervor que um Anjo das Alturas lhe foi enviado para confabulação de
espírito a espírito.
À
frente do emissário sublime, o profeta acusou o soberano, asseverando quanto sabia de
oitiva e suplicando aprovação celeste ao plano de revolta renovadora.
O
mensageiro anotou-lhe a sinceridade, escutou-o com paciência e esclareceu:
Em nome do Supremo Senhor, o projeto ficará aprovado, com uma condição.
Conviverás com o rei, durante cem dias consecutivos, em seu próprio palácio, na
posição de servo humilde e fiel, e, findo esse tempo, se a tua consciência perseverar
no mesmo propósito, então lhe destruirás o trono, com o nosso apoio.
O chefe
honesto aceitou a proposta e cumpriu a determinação.
Simples
e sincero, dirigiu-se à casa real, onde sempre havia acesso aos trabalhos de limpeza e
situou-se na função de apagado servidor; no entanto, tão logo se colocou a serviço do
monarca, reparou que ele nunca dispunha de tempo para as menores obrigações alusivas ao
gosto de viver. Levantava-se rodeado de conselheiros e ministros impertinentes, era
atormentado
por centenas de reclamações de hora
O
orientador da massa popular reconheceu que o imperante mais se assemelhava a um escravo,
duramente condenado a servir sem repouso, em plena solidão espiritual, porquanto o rei
não gozava nem mesmo a facilidade de cultivar a comunhão com Deus, por intermédio da
prece comum.
Findo o
prazo estabelecido, o profeta, radicalmente transformado, regressou ao monte para atender
ao compromisso assumido, e, notando que o Anjo lhe aparecia, no curso das orações,
implorou-lhe misericórdia para o rei, de quem ele agora se compadecia sinceramente. Em
seguida, congregou o povo e notificou a todos os companheiros de ideal que o soberano era,
talvez, o homem mais torturado em todo o reino e que, ao invés da suspirada insubmissão,
competia-lhes, a cada um, maior entendimento e mais trabalho construtivo, no lugar que
lhes era próprio dentro do país, a fim de que o monarca, de si mesmo tão escravizado e
tão desditoso, pudesse cumprir sem desastres a elevada missão de que fora investido.
E,
assim, a rebeldia foi convertida em compreensão e serviço.
Judas,
desapontado, parecia ensaiar alguma ponderação irreverente, mas o Mestre Divino
antecipou-se a ele, falando, incisivo:
A
revolução é sempre o engano trágico daqueles que desejam arrebatar a outrem o cetro do
governo. Quando cada servidor entende o dever que lhe cabe no plano da vida, não há
disposição para a indisciplina, nem tempo para a insubmissão.
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Comentava-se,
na reunião, as glórias do saber, quando o Cristo, para ilustrar a palestra, contou,
despretensioso:
Um homem amante da verdade, informando-se de que o aprimoramento intelectual conduz à
divina sabedoria, atirou-se à elevação da montanha da ciência, empenhando todas as
forças que possuía no decisivo cometimento. A vereda era sombria qual obscuro labirinto;
contudo, o esforçado lidador, olvidando dificuldades e perigos, avançava sempre,
trocando de vestuário para melhor acomodar-se às exigências da marcha. De tempos a
tempos, lançava à margem da estrada uma túnica que se fizera estreita ou uma alpercata
que se lhe afigurava inservível, procurando indumentária nova, até que, um dia, depois
de muitos anos, alcançou a desejada culminância, onde um representante de Deus lhe
surgiu ao encontro.
O
emissário cumprimentou-o, abraçou-o e revestiu-lhe a fronte com deslumbrante coroa de
luz. Todavia, quando o vencedor do conhecimento quis prosseguir adiante, na direção do
Paraíso, recomendou-lhe o mensageiro que voltasse atrás dos próprios passos, a ver o
trilho percorrido e que, de sua atitude na revisão do caminho, dependeria a concessão de
asas com que lhe seria possível voar ao encontro do Pai Eterno.
O
interessado regressou, mas, agora, auxiliado pela fulgurante auréola de que fora
investido, podia contemplar todos os ângulos da senda, antes inextricável ao seu olhar.
Não
conteve o riso, diante das estranhas roupagens de que os viajadores da retaguarda se
vestiam.
Aqui,
notava uma túnica rota; acolá, uma sandália extravagante. Peregrinos inúmeros se
apoiavam em bordões quebradiços, enquanto outros se amparavam em capas misérrimas;
entretanto, cada qual, com impertinência infantil, marchava senhor de si, como se
envergasse a roupa mais valiosa do mundo.
O
vencedor da ciência não suportou as impressões que o quadro lhe causava e abriu-se em
frases de zombaria, reprovando acremente a ignorância de quantos seguiam em vestes
ridículas ou inadequadas. Gritou, condenou e fez apodos contundentes. Dirigiu-se à
comunidade dos viajantes com tamanha ironia que muitos renunciaram à subida, retornando
à inércia da planície vasta.
Após
amaldiçoar a todos, indistintamente, voltou o herói coroado ao cume do monte, na
expectativa de partir sem detença ao encontro do Pai, mas o Anjo, muito triste,
explicou-lhe que a roupagem dos outros, que lhe provocara tanto sarcasmo inútil, era
aquela mesma de que ele se servira para elevar-se, ao tempo em que era frágil e semicego,
e que as asas de luz, com que deveria erguer-se ao Trono Divino, somente lhe seriam dadas,
quando edificasse o amor no imo do coração. Faltavam-lhe piedade e entendimento; que ele
voltasse demoradamente ao caminho e auxiliasse os semelhantes, sem o que jamais
conseguiria equilibrar-se no Céu.
Alguns
minutos de silêncio seguiram-se indevassáveis...
O
Mestre, todavia, imprimindo significativa ênfase às palavras, terminou:
Há muitas almas, na Terra, ostentando a luminosa coroa da ciência, mas de coração
adormecido na impiedade, salientando-se no sarcasmo pueril e na censura indébita.
Envenenadas pela incompreensão, exigentes e cruéis, fulminam os companheiros mais fracos
no entendimento ou na cultura, ao invés de estender-lhes as mãos fraternais,
reconhecendo que também já foram assim, tateantes e imperfeitos... Enquanto, porém,
não se decidirem a ajudar o irmão menos esclarecido e menos afortunado, acolhendo-o no
próprio espírito, com sinceridade e devotamento, não receberão as asas com que lhes
será lícito partir na direção do Céu.
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Mateus
discorria, solene, sobre a missão dos que dirigem a massa popular, especificando deveres
dos administradores e dificuldades dos servos.
A
conversação avançava, pela noite a dentro, quando Jesus, notando que os aprendizes lhe
esperavam a palavra amiga, narrou, sorridente:
Um reino existia, em cuja intimidade apareceu um grande partido de adversários do
soberano que o governava. Pouco a pouco, o espírito de rebeldia cresceu em certas
famílias revoltadas e, a breves semanas, toda uma província em desespero se ergueu
contra o monarca, entravando-lhe as ações.
Naturalmente
preocupado, o rei convidou um hábil juiz para os encargos de primeiro ministro do país,
desejoso de apagar a discórdia; mas o juiz começou a criar quantidade enorme de leis e
documentos escritos, que não chegaram a operar a mínima alteração.
Desiludido,
o imperante substituiu-o por um doutrinador famoso. O tribuno, porém, conduzido à
elevada posição, desfez-se em discursos veementes e preciosos que não modificaram a
perturbação reinante.
Continuavam
os inimigos internos solapando o prestígio nacional, quando o soberano pediu o socorro de
um sacerdote que, situado em tão nobre posto, amaldiçoou, de imediato, os elementos
contrários ao rei, piorando o problema.
Desencantado,
o monarca trouxe um médico à direção dos negócios gerais, mas tão logo se viu em
palácio, partilhando as honras públicas, o novo ministro afirmou, para conquistar o
favor régio, que o partido de adversários da Coroa se constituía de doentes mentais, e
fez disso propaganda tão ruinosa que a indisciplina se tornou mais audaciosa e a revolta
mais desesperada.
Pressentindo
o trono em perigo, o soberano substituiu o médico por um general célebre, que tomou
providência drástica, arregimentando forças armadas nas regiões fiéis e
mobilizando-as contra os irmãos insubmissos. Estabeleceu-se a guerra civil. E quando a
morte começou a ceifar vidas inúmeras, inclusive a do temido lidador militar que se
convertera em primeiro ministro do reino, o imperante, de alma confrangida, convidou um
sábio a ocupar-se do posto então vazio. Esse chegou à administração, meditou algum
tempo e deu início a novas atividades. Não criou novas leis, não pronunciou discursos,
não censurou os insurretos, não perdeu tempo em zombaria e nem estimulou qualquer
cultura de vingança.
Dirigiu-se
em pessoa à região conflagrada, a fim de observar-lhe as necessidades.
Reparou,
aí, a existência de inúmeras criaturas sem teto, sem trabalho e sem instrução, e
erigiu casas, criou oficinas, abriu estradas e improvisou escolas, incentivando o serviço
e a educação, lutando, com valioso espírito de entendimento e fraternidade, contra a
preguiça e a ignorância.
Não
transcorreu muito tempo e todas as discórdias do reino desapareceram, porque a ação
concreta do bem eliminara toda a desconfiança, toda a dureza e indecisão dos espíritos
enfermiços e inconformados.
Mateus
contemplava o Senhor, embevecidamente, deliciando-se com as idéias de bondade salvadora
que enunciara, e Jesus, respondendo-lhe à atenção com luminoso sorriso, acrescentou
para finalizar:
O
ódio pode atear muito incêndio de discórdia, no mundo, mas nenhuma teoria de salvação
será realmente valiosa sem o justo benefício aos espíritos que a maldade ou a rebelião
desequilibraram. Para que o bem possa reinar entre os homens, há de ser uma realidade
positiva no campo do mal, tanto quanto a luz há de surgir, pura e viva, a fim de expulsar
as trevas.
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Diante
dos companheiros, André leu expressivo trecho de Isaías e falou, comovido, quanto às
necessidades da salvação.
Comentou
Mateus os aspectos menos agradáveis do trabalho e Filipe opinou que é sempre muito
difícil atender à própria situação, quando nos consagramos ao socorro dos outros.
Jesus
ouvia os apóstolos em silêncio e, quando as discussões, em derredor, se enfraqueceram,
comentou, muito simples:
Em zona montanhosa, através de região deserta, caminhavam dois velhos amigos, ambos
enfermos, cada qual a defender-se, quanto possível, contra os golpes do ar gelado, quando
foram surpreendidos por uma criança semimorta, na estrada, ao sabor da ventania de
inverno.
Um deles
fixou o singular achado e clamou, irritadiço: Não perderei tempo. A hora
exige cuidado para comigo mesmo. Sigamos à frente.
O outro,
porém, mais piedoso, considerou:
Amigo, salvemos o pequenino. É nosso irmão em humanidade.
Não posso disse o companheiro, endurecido , sinto-me cansado e doente.
Este desconhecido seria um peso insuportável. Temos frio e tempestade. Precisamos ganhar
a aldeia próxima sem perda de minutos.
E
avançou para diante em largas passadas.
O viajor
de bom sentimento, contudo, inclinou-se para o menino estendido, demorou-se alguns minutos
colando-o paternalmente ao próprio peito e, aconchegando-o ainda mais, marchou adiante,
embora menos rápido.
A chuva
gelada caiu, metódica, pela noite a dentro, mas ele, sobraçando o valioso fardo, depois
de muito tempo atingiu a hospedaria do povoado que buscava. Com enorme surpresa porém,
não encontrou aí o colega que o precedera. Somente no dia imediato, depois de minuciosa
procura, foi o infeliz viajante encontrado sem vida, num desvão do caminho alagado.
Seguindo
à pressa e a sós, com a idéia egoística de preservar-se, não resistiu à onda de frio
que se fizera violenta e tombou encharcado, sem recursos com que pudesse fazer face ao
congelamento, enquanto que o companheiro, recebendo, em troca, o suave calor da criança
que sustentava junto do próprio coração, superou os obstáculos da noite frígida,
guardando-se indene de semelhante desastre. Descobrira a sublimidade do auxílio mútuo...
Ajudando ao menino abandonado, ajudava a si mesmo avançando com sacrifício para ser
útil a outrem, conseguira triunfar dos percalços da senda, alcançando as bênçãos da
salvação recíproca.
A
história singela deixara os discípulos surpreendidos e sensibilizados.
Terna
admiração transparecia nos olhos úmidos das mulheres humildes que acompanhavam a
reunião, ao passo que os homens se entreolhavam, espantados.
Foi
então que Jesus, depois de curto silêncio, concluiu expressivamente:
As mais eloqüentes e exatas testemunhas de um homem, perante o Pai Supremo, são as suas
próprias obras. Aqueles que amparamos constituem nosso sustentáculo. O coração que
socorremos converter-se-á agora ou mais tarde em recurso a nosso favor. Ninguém duvide.
Um homem sozinho é simplesmente um adorno vivo da solidão, mas aquele que coopera em
benefício do próximo é credor do auxílio comum. Ajudando, seremos ajudados. Dando,
receberemos: esta é a Lei Divina.
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À
frente da multidão de sofredores e desalentados, relacionou o Mestre as
bem-aventuranças, destacando, com ênfase, a declaração de que os mansos herdariam a
Terra.
A
afirmativa, porém, soou entre os discípulos de maneira menos agradável.
Tal
asserção não seria encorajamento à ociosidade mental?
Se o
Evangelho reclamava espíritos valorosos na sementeira das verdades renovadoras, como
acomodar a promessa com a necessidade do destemor? Se o mal era atrevido e contundente, em
todos os climas e posições, como estabelecer o triunfo inadiável do bem através da
incapacidade de reagir, embora pacificamente?
Nessas
interrogações imprecisas, reuniu-se a assembléia familiar no domicílio de Pedro.
Iniciados
os comentários edificantes da noite, entreolhavam-se os discípulos entre a indagação e
a curiosidade.
O Divino
Amigo parecia perceber os motivos da expectação, em torno, mas esperava, sereno, que os
seguidores se pronunciassem.
Foi
então que Judas, rompendo o véu de respeito que aureolava a presença do Mestre,
inquiriu, loquaz:
Senhor, por que atribuíste aos mansos a posse final da Terra? Os corações acovardados
gozarão de semelhante bênção? Os incapazes de testemunhar a fé, nos momentos graves
de luta e sacrifício, serão igualmente bem-aventurados?
Jesus
não respondeu, de imediato.
Vagueou
o olhar, através dos circunstantes, como a pedir-lhes a exposição de quaisquer dúvidas
que lhes povoassem a alma.
Pedro
cobrou ânimo e perguntou:
Sim, Mestre: se um malfeitor visitar-me a casa, não devo recordar-lhe os imperativos do
acatamento recíproco? Entregar-me-ei sem qualquer admoestação fraternal aos seus
delituosos caprichos, a pretexto de guardar a mansidão a que te referiste?
O Cristo
sorriu, como tantas vezes, e enunciou, calmo:
Enganaram-se todos, naturalmente. Eu não fiz o elogio da preguiça, que se mascara de
humildade, nem da covardia que se veste de cordura para melhor acomodar-se às
conveniências humanas. As criaturas que se afeiçoam a semelhantes artifícios sofrerão
duramente os instrumentos espirituais de que o mundo se utiliza para reajustar os
caracteres tortuosos e indecisos. Exaltei, na realidade, a cortesia de que somos credores
uns dos outros. Bem-aventurados os homens de trato ameno que sabem usar a energia
construtiva entre o gesto de bondade e o verbo da compreensão! Bem-aventurados os filhos
do equilíbrio e da gentileza que aprendem a negar o mal, sem ferir o irmão ignorante que
os solicita sem saber o que pede! Abençoados os que repetem mil vezes a mesma lição,
sem alarde, para que o próximo lhes aproveite a influenciação na felicidade justa de
todos! Bem-aventurados aqueles que sabem tratar o rico e o pobre, o sábio e o inculto, o
bom e o mau, com espírito de serviço e entendimento, dando a cada um, de conformidade
com os seus méritos e necessidades e deixando os sinais de melhoria, de elevação,
bem-estar e contentamento por onde cruzam! Em verdade vos digo que a eles pertencerá o
domínio espiritual da Terra, porque todo aquele que acolhe os semelhantes, dentro das
normas do amor e do respeito, é senhor dos corações que se aperfeiçoam no mundo!
Alívio
e alegria transbordaram do ânimo geral e, de olhos fitos, agora, nas águas imensas do
grande lago, o Senhor pediu a Mateus encerrasse o fraterno entendimento da noite,
pronunciando uma prece.
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Comentavam
os aprendizes que a verdade constitui dever primordial, acima de todas as obrigações
comuns, quando Filipe afiançou que, a pretexto de cultuar-se a realidade, ninguém
deveria aniquilar a consolação. E talvez por reportar-se André à franqueza com que o
Mestre atendia aos mais variados problemas da vida, o Senhor tomou a palavra e contou,
atencioso:
Devotado chefe de família que lutava com bravura por amealhar recursos com que pudesse
sustentar o barco doméstico, depois de desfrutar vasto período de fartura, viu-se pobre
e abandonado pelos melhores amigos, de uma semana para outra, em virtude de enorme
desastre comercial. O infeliz não soube suportar o golpe que o mundo lhe vibrava no
espírito e morreu, após alguns dias, ralado por inomináveis dissabores.
Entregue
a si mesma, ao pé de seis filhos jovens, a valorosa viúva enxugou o pranto e reuniu os
rebentos, ao redor de velha mesa que lhes restava, e verificou que os moços amargurados
pareciam absolutamente vencidos pela tristeza e pelo desânimo.
Cercada
de tantas lamentações e lágrimas, a senhora meditou, meditou... e, em seguida,
dirigiu-se ao interior, de onde voltou sobraçando pequena caixa de madeira,
cuidadosamente cerrada, e falou aos rapazes com segurança:
Meus filhos, não nos achamos em tamanha miserabilidade. Neste cofre possuímos
valioso tesouro que a previdência paternal lhes deixou. É fortuna capaz de fazer a nossa
felicidade geral; entretanto, os maiores depósitos do mundo desaparecem quando não se
alimentam nas fontes do trabalho honesto e produtivo. Em verdade, o nosso ausente, quando
desceu ao repouso, nos empenhou em dívidas pesadas; todavia, não será justo o esforço
pelas resgatar com a preservação de nosso precioso legado? Aproveitemos o tempo,
melhorando a própria sorte e, se concordam comigo, abriremos a caixa, mais tarde, a menos
que as exigências do pão se façam insuperáveis.
Belo
sorriso de alegria e reconforto apareceu no semblante de todos.
Ninguém
discordou da sugestão materna.
No dia
seguinte, os seis jovens atacaram corajosamente o serviço da terra. Valendo-se de grande
gleba alugada, plantaram o trigo, com imenso desvelo, em valoroso trabalho de
colaboração e, com tanto devotamento se portaram que, findos seis anos, os débitos da
família se achavam liquidados, enorme propriedade rural fora adquirida e o nome do pai
coroado, de novo, pela honra justa e pela fortuna próspera.
Quando
já haviam superado de muito os bens perdidos pelo pai, reuniram-se, certa noite, com a
genitora, a fim de conhecerem o legado intacto.
A
velhinha trouxe o cofre, com inexcedível carinho, sorriu satisfeita e abriu-o sem grande
esforço. Com assombro dos filhos, porém, dentro do estojo encontraram somente velho
pergaminho com as belas palavras de Salomão:
O filho sábio alegra seu pai, mas o filho insensato é a tristeza de sua mãe. Os
tesouros da impiedade de nada aproveitam; contudo, a justiça livra-nos da morte no mal. O
Senhor não deixa com fome a alma do justo; entretanto, recusa a fazenda dos ímpios.
Aquele que trabalha com mão enganosa, empobrece; todavia, a mão dos diligentes enriquece
para sempre.
Entreolharam-se
os rapazes com júbilo indizível e agradeceram a inolvidável lição que o carinho
materno lhes havia doado.
Silenciou
o Mestre, sob a expressão de contentamento e curiosidade dos discípulos e, finda a
ligeira pausa, terminou, sentencioso:
Quem classificaria de enganadora e mentirosa essa grande mulher? Seja o nosso falar
sim, sim e não, não nos lances graves da vida, mas nunca
espezinhemos a bênção do estímulo nas lutas edificantes de cada dia. O grelo tenro é
a promessa do fruto. A pretexto de acender a luz da verdade, que ninguém destrua a
candeia da esperança.
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Tadeu,
que era dos comentaristas mais inflamados, no culto da Boa Nova, em casa de Pedro,
entusiasmara-se na reunião, relacionando os imperativos da felicidade humana e clamando
contra os dominadores de Roma e contra os rabinos do Sinédrio.
Tocado
de indisfarçável revolta, dissertou largamente sobre a discórdia e o sofrimento
reinantes no povo, situando-lhes a causa nas deficiências políticas da época, e, depois
que expendeu várias considerações preciosas, em torno do assunto, Jesus perguntou-lhe:
Tadeu, como interpreta você a felicidade?
Senhor, a felicidade é a paz de todos.
O Cristo
estampou significativa expressão fisionômica e ponderou:
Sim, Tadeu, isto não desconheço; entretanto, estimaria saber como se sentiria você
realmente feliz.
O
discípulo, com algum acanhamento, enunciou:
Mestre, suponho que atingiria a suprema tranqüilidade se pudesse alcançar a compreensão
dos outros.
Desejo,
para esse fim, que o próximo me não despreze as intenções nobres e puras.
Sei que
erro, muitas vezes, porque sou humano; entretanto, ficaria contente se aqueles que
convivem comigo me reconhecessem o sincero propósito de acertar.
Respiraria
abençoado júbilo se pudesse confiar em meus semelhantes, deles recebendo a justa
consideração de que me sinta credor, em face da elevação de meu ideal.
Suspiro
pelo respeito de todos, para que eu possa trabalhar sem impedimentos.
Regozijar-me-ia
se a maledicência me esquecesse.
Vivo na
expectativa da cordialidade alheia e julgo que o mundo seria um paraíso se as pessoas da
estrada comum se tratassem de acordo com o meu anseio honesto de ser acatado pelos demais.
A
indiferença e a calúnia doem-me no coração.
Creio
que o sarcasmo e a suspeita foram organizados pelos Espíritos das trevas, para tormento
das criaturas.
A
impiedade é um fel quando dirigida contra mim, a maldade é um fantasma de dor quando se
põe ao meu encontro.
Em
razão de tudo isso, sentir-me-ia venturoso se os meus parentes, afeiçoados e
conterrâneos me buscassem, não pelo que aparento ser nas imperfeições do corpo, mas
pelo conteúdo de boa-vontade que presumo conservar em minhalma.
Acima de
tudo, Senhor, estaria sumamente satisfeito se quantos peregrinam comigo me concedessem
direito de experimentar livremente o meu gênero de felicidade pessoal, desde que me sinta
aprovado pelo código do bem, no campo de minha consciência, sem ironias e críticas
descabidas.
Resumindo,
Mestre, eu queria ser compreendido, respeitado e estimado por todos, embora não seja,
ainda, o modelo de perfeição que o Céu espera de mim, com o abençoado concurso da dor
e do tempo.
Calou-se
o apóstolo e esboçou-se, na sala singela, incontido movimento de curiosidade ante a
opinião que o Cristo adotaria.
Alguns
dos companheiros esperavam que o Amigo Celeste usasse o verbo em comprida dissertação,
mas o Mestre fixou os olhos muito límpidos no discípulo e falou com franqueza e doçura:
Tadeu, se você procura, então, a alegria e a felicidade do mundo inteiro, proceda para
com os outros, como deseja que os outros procedam para com você. E caminhando cada homem
nessa mesma norma, muito breve estenderemos na Terra as glórias do Paraíso.
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A
conversação em casa de Pedro versava, nessa noite, sobre a prática do bem, com a viva
colaboração verbal de todos.
Como
expressar a compaixão, sem dinheiro? Por que meios incentivar a beneficência, sem
recursos monetários?
Com
essas interrogativas, grandes nomes da fortuna material eram invocados e a maioria
inclinava-se a admitir que somente os poderosos da Terra se encontravam à altura de
estimular a piedade ativa, quando o Mestre interferiu, opinando, bondoso:
Um sincero devoto da Lei foi exortado por determinações do Céu ao exercício da
beneficência; entretanto, vivia em pobreza extrema e não podia, de modo algum, retirar a
mínima parcela de seu salário para o socorro aos semelhantes. Em verdade, dava de si
mesmo, quanto possível, em boas palavras e gestos pessoais de conforto e estímulo a
quantos se achavam em sofrimento e dificuldade; porém, magoava-lhe o coração a
impossibilidade de distribuir agasalho e pão com os andrajosos e famintos à margem de
sua estrada.
Rodeado
de filhinhos pequeninos, era escravo do lar que lhe absorvia o suor.
Reconheceu,
todavia, que, se lhe era vedado o esforço na caridade pública, podia perfeitamente
guerrear o mal, em todas as circunstâncias de sua marcha pela Terra.
Assim é
que passou a extinguir, com incessante atenção, todos os pensamentos inferiores que lhe
eram sugeridos; quando em contacto com pessoas interessadas na maledicência, retraía-se,
cortês, e, em respondendo a alguma interpelação direta, recordava essa ou aquela
pequena virtude da vítima ausente; se alguém, diante dele, dava pasto à cólera fácil,
considerava a ira como enfermidade digna de tratamento e recolhia-se à quietude; insultos
alheios batiam-lhe no espírito à maneira de calhaus em barril de mel, porquanto, além
de não reagir, prosseguia tratando o ofensor com a fraternidade habitual; a calúnia não
encontrava acesso em sua alma, de vez que toda denúncia torpe se perdia, inútil, em seu
grande silêncio; reparando ameaças sobre a tranqüilidade de alguém, tentava desfazer
as nuvens da incompreensão, sem alarde, antes que assumissem feição tempestuosa; se
alguma sentença condenatória bailava em torno do próximo, mobilizava, espontâneo,
todas as possibilidades ao seu alcance na defesa delicada e imperceptível; seu zelo
contra a incursão e a extensão do mal era tão fortemente minucioso que chegava a
retirar detritos e pedras da via pública, para que não oferecessem perigo aos
transeuntes.
Adotando
essas diretrizes, chegou ao termo da jornada humana, incapaz de atender às sugestões da
beneficência que o mundo conhece. Jamais pudera estender uma tigela de sopa ou ofertar
uma pele de carneiro aos irmãos necessitados.
Nessa
posição, a morte buscou-o ao tribunal divino, onde o servidor humilde compareceu receoso
e desalentado. Temia o julgamento das autoridades celestes, quando, de improviso, foi
aureolado por brilhante diadema, e, porque indagasse, em lágrimas, a razão do inesperado
prêmio, foi informado de que a sublime recompensa se referia à sua triunfante posição
na guerra contra o mal, em que se fizera valoroso empreiteiro.
Fixou o
Mestre nos aprendizes o olhar percuciente e calmo e concluiu, em tom amigo:
Distribuamos o pão e a cobertura, acendamos luz para a ignorância e intensifiquemos a
fraternidade aniquilando a discórdia, mas não nos esqueçamos do combate metódico e
sereno contra o mal, em esforço diário, convictos de que, nessa batalha santificante,
conquistaremos a divina coroa da caridade desconhecida.