A Coragem da
Fé
Carlos A. Baccelli
Filhos,
as páginas que ora vos endereçamos do Mais Além, reunidas neste singelo opúsculo,
foram escritas tão-somente com o propósito de encorajar-vos na luta pelo ideal que
abraçastes, sob o pálio da doutrina do Evangelho Restaurado, que é o Espiritismo, perseverando, sem esmorecimento, na
tarefa da própria renovação que, sem dúvida, se vos constitui no objetivo maior da
existência.
De nada
vale o brilho da inteligência, se o coração permanece às escuras.
A
reencarnação que não promove o renascimento moral da criatura, não passa de ato que
não está à altura de sua transcendência e significado.
O conhecimento espírita é, sem dúvida, a melhor oportunidade de
conscientização para o homem que pretende libertar-se do cativeiro de milenar comodismo
espiritual, afastando-se, em definitivo, das sinuosas estradas da ilusão, com, até
então, diminuto aproveitamento das lições que lhe possibilitam o crescimento diante da
Vida.
Refletindo, assim, sobre o teor de vossas responsabilidades nos deveres que sois
chamados a cumprir na Seara, uma vez que não mais vos será possível o recuo, sem graves
comprometimentos de ordem cármica, não olvideis a sábia advertência que o Mestre
dirigiu aos cristãos de todos os tempos: "Todo aquele, pois, que me confessar diante
dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; e o que me
negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos
céus."
Uberaba - MG, 29 de agosto de 2002
Filhos, perseverai no testemunho da fé espírita que abraçastes, ante a revivescência
do Evangelho do Senhor.
Não
recueis ante as provas que vos são necessárias ao burilamento.
Sustentai
a coragem na luta, conscientes de que toda conquista nos domínios do espírito reclama
esforço e sacrifício continuados.
Ninguém
ascende aos Cimos de passo preso à retaguarda.
A
Doutrina Espírita liberta o pensamento, no entanto aquele que procura superar o comodismo
intelectual de séculos sempre encontrará oposição.
É
natural, pois, que as trevas conspirem contra os vossos anseios de elevação.
Os
espíritos, quer encarnados, quer desencarnados, habituados à mesmice em que vivem,
haverão de pelejar para vos desalentar em vossos novos propósitos na existência.
Muitos
vos tentarão com o imediatismo dos prazeres mundanos e com as facilidades materiais do
caminho.
Outros
urdirão sofismas, com o intento de vos afastar dos objetivos superiores que
concentrastes, na necessidade de renovação íntima.
Sem que percais de vista a trajetória do Cristo, não olvideis que a obra da redenção
humana diz respeito a cada espírito em particular.
A hora
do testemunho é uma hora solitária.
Em torno, apupos e injúrias, hostilidade e incompreensão.
Não raro, amigos e companheiros permanecerão à distância, vos contemplando as
reações.
Convosco,
não tereis por escora, na áspera subida, outra que não seja a cruz que vos pesa nos
ombros.
Quase
ninguém vos verá o pranto que se vos escorre na face, confundindo-se com o suor
derramado no cumprimento do dever.
Inevitável, a sensação de extremo abandono dos homens, que vos deve induzir a bem maior
confiança em Deus.
Filhos,
não permuteis o que é eterno pelo que é transitório.
Embora sob duros reveses, insisti na prática do bem aos semelhantes e tomai a iniciativa
do perdão, na certeza de que o tempo urge e que, ao termo da vossa caminhada sobre a
Terra, não tereis outro Céu que não seja o da consciência tranqüila.
Filhos, apesar dos percalços que enfrentais, inclusive no que se refere à conquista do
pão de cada dia, prossegui caminhando com determinação.
Compreendei
o eco do passado distante nas lutas que vos alcançam no presente: o filho rebelde, o
cônjuge difícil, a carência material, o assédio sistemático das trevas...
Não
descreiais do Amparo Divino, através dos amigos do Mais Alto, que não vos deixam a sós
com as vossas provas.
Não
fosse pela intercessão daqueles que por vós se interessam do Além, é possível que vos
precipitásseis em mais profundos abismos de dor.
Inútil
pretender qualquer colheita sem justa semeadura.
Por outro lado, de que valeria lançar sobre a gleba inculta a semente promissora?
Quantos
anseiam por terem o que nada fazem para possuírem?
Adquiri
mais ampla compreensão da vida e atinareis com a causa de todos os vossos padecimentos.
Toda
lágrima encerra uma lição e se constitui num estímulo ao progresso.
Quantos
são os que negam a existência de Deus, unicamente por não serem atendidos em seus
caprichos de ordem pessoal?
O que
não tendes nem sempre deve ser interpretado por demérito de vossa parte. Muitas vezes, a
providência que vos é mais necessária ao esforço de auto-superação é o obstáculo
que vos parece restringir os movimentos.
Caminhai,
pois, com alegria, sem permitir que a descrença se vos insinue no espírito.
A
oração possibilita ao homem abrandar os próprios sentimentos.
Quem se
habitua a orar não se entrega ao desespero e à revolta.
A prece
jamais é um monólogo... Pelo recolhimento íntimo na oração, a criatura conversa com o
Criador, que não a deixa sem resposta.
Ato de
fé solitário, a prece exterioriza a sinceridade do filho que, reconhecendo a própria
insignificância, recorre aos préstimos do Pai, que tudo pode.
Jesus
orava com freqüência.
Sem este
contato pessoal com Deus, a crença do homem não passa de uma aparente manifestação de
religiosidade.
Os que
oram nunca se fragilizam diante das lutas que faceiam.
Orai no
silêncio de vossas reflexões; orai com a vossa mente e com o vosso coração.
Buscai
forças no Alto para os embates inevitáveis do caminho, repleto de urzes e de pedras.
Orai com
as vossas mãos mergulhadas na caridade; que as vossas petições sejam referendadas pelas vossas atitudes no bem dos
semelhantes...
A
persistência da fé remove obstáculos intransponíveis.
A
oração modifica o tônus espiritual de quem, por vezes, não enxerga saída para
os impasses da existência.
Quem
não ora será sempre uma presa fácil da obsessão e do desequilíbrio oriundo de si
mesmo.
Filhos,
abençoai as vossas provas! Afagai o madeiro que vos pesa nos ombros e, sob o sol
causticante de vossas dificuldades, não vos afasteis do oásis aconchegante da oração.
A prece
é o ato de humildade que mais engrandece o espírito!
Sede
homens de fé e de oração.
Quanto
maior o desafio lançado à vossa crença, mais devereis vos curvar à necessidade de
orar.
"Pedi
e obtereis" - exortou-nos o Senhor, em suas palavras jamais pronunciadas em vão.
Filhos, a compreensão é a virtude que vos predispõe naturalmente ao perdão.
Compreendei
para perdoar.
Não
conserveis ressentimentos no coração, sabendo que aquele que vos decepciona é um
companheiro vencido pelos seus próprios conflitos.
Não
exijais dos outros infalibilidade.
Os
amigos que seguem ao vosso lado, qual vos acontece, são espíritos assinalados por muitas
limitações, aparentando exteriormente o que ainda não são.
Compadecei-vos
das mazelas alheias, não sobrecarregando os ombros daqueles que avançam, mal se
agüentando ao peso da cruz.
Não
condicioneis a vossa conduta no bem à conduta de quem quer que seja; que a vossa fé não
dependa da demonstração de fé dos que vos inspiram na jornada...
Somente
Os
irmãos de crença espírita, principalmente os que se encontram servindo na mediunidade e
os que ocupam posições de liderança, são, afinal, espíritos comprometidos com o
passado: nenhum deles se encontra imune ao assédio das trevas.
Não
raro, o personalismo e a vaidade apenas ocultam nas almas uma estamenha de chagas...
Os que
intentam brilhar para o mundo estão longe de possuir luz própria.
A rigor,
muitos de nós outros não estamos ainda sequer preparados para uma maior proximidade com
o Cristo - a possibilidade de semelhante convivência mais estreita nos levaria ao
delírio.
Quem,
há séculos, se habituou nas sombras, só gradativamente se acostuma à claridade.
O homem
sem maior entendimento do Evangelho transfere a sua ambição concernente às coisas
materiais para as coisas divinas.
Os
apóstolos não chegaram a disputar entre si a primazia de estarem, no Reino Celeste, ao
lado do Senhor?
Assim,
tomai vós mesmos a iniciativa da exemplificação e da coragem de vivenciar, de forma
irrepreensível, a crença que abraçastes.
Filhos, as religiões que verdadeiramente não cogitam do Reino
do Céu vos acenarão com a promessa da prosperidade material sobre a Terra.
Não
permuteis o que é eterno pelo que é transitório; não façais como Esaú, que, por um
prato de lentilhas, abriu mão do seu direito de primogênito para Jacó, seu irmão...
A
exemplo de Maria, irmã de Lázaro e Marta, permanecei com a boa parte.
Não vos
esqueçais do jovem rico, cujo anseio de elevação espiritual não ia ao ponto de
levá-lo ao desprendimento dos bens materiais.
Quase
sempre, as aspirações de ordem superior do homem se conflitam com os interesses
subalternos da sociedade em que vive.
Quantos
os que, pressionados por carências materiais imaginárias, renunciam à fé espírita,
aceitando outras interpretações para as palavras do Senhor?
Quantos
os que renegam a crença na reencarnação pelo motivo de terem se exaurido na luta pela
própria sublimação?
O
Espiritismo não efetua aos seus adeptos quaisquer exigências, todavia quem toma
consciência de seus postulados sente-se naturalmente constrangido a ceder de si mesmo,
cada vez mais.
É a
lucidez espiritual que a Doutrina faculta aos seus seguidores o que os induz à disciplina
austera e ao trabalho incansável, ao desapego dos bens perecíveis e ao sacrifício pelo
ideal.
Filhos,
não contemporizeis com a ilusão. Ninguém ascenderá aos Planos Mais Altos, preso aos interesses rasteiros do
mundo.
O Senhor
não quer a necessidade, a penúria, a fome, a miséria... Não vos esqueçais, no
entanto, de que o homem só verdadeiramente tem a posse daquilo que nem mesmo a morte lhe
arrebata.
O
próprio orbe terrestre não sobreviverá às constantes mutações da matéria que, a
cada instante, se quintessencia, aproximando-se da natureza do Criador.
Filhos, ser
espírita é oportunidade de vivenciar o Evangelho em espírito e verdade.
O
seguidor da Doutrina é alguém que caminha sobre o mundo, mais consciente de seus erros
que de seus acertos. Por este motivo pela impossibilidade de conformar os
interesses do homem velho com os anseios do homem novo, ele quase sempre
deduz que professar a fé espírita não é tarefa fácil.
Toda
mudança de hábito, principalmente daquele que lhe esteja mais arraigado, impõe à
criatura encarnada sacrifícios inomináveis.
O
rompimento com o "eu" é um parto laborioso, em que, não raro, sem experimentar
inúmeras recaídas, o espírito não vem à luz...
O
importante é que não vos deixeis desalentar. Recordai que, para o trabalho inicial do
Evangelho, Jesus requisitou o concurso de doze homens e não de doze anjos.
Talvez o
problema maior para os companheiros de ideal que se permitem desanimar, ante as
fragilidades morais que evidenciam, seja o fato de suporem ser o que ainda não o são.
Sem
dúvida, os que vivem ignorando as próprias necessidades, aparentemente vivem em maior
serenidade de quantos delas já tomaram consciência; não olvideis, contudo, que a
aspiração do melhor é intrínseca à sua natureza - o homem sempre há de querer ser
mais...
Na
condição, pois, de esclarecidos seguidores da Doutrina Espírita, nunca espereis vos
acomodar, desfrutando da paz ilusória dos que não se aprofundam no conhecimento da
Verdade que liberta.
Onde
estiverdes, estareis sempre inquietos pelo amanhã.
A
aflição que Jesus bem-aventurou, é aquela que experimenta quem se põe a caminho e não descansa antes de concluir a
jornada.
Filhos,
apesar dos percalços externos e de vossos conflitos íntimos, aceitai no Espiritismo a
vossa melhor chance de redenção espiritual, e isto desde o começo de vossas
experiências reencarnatórias. Valorizai o ensejo bendito e não culpeis a Doutrina pelas
vossas mazelas.
Filhos, a mediunidade é o pábulo espiritual que vos sustenta a
crença na imortalidade.
Haja o
que houver, não vos afasteis dos vossos deveres mediúnicos, procurando o próprio
fortalecimento e o de vossos irmãos.
O
intercâmbio com o Mundo Espiritual foi referendado pelo Cristo, que, transfigurando-se no
Tabor, manteve estreito contacto com os espíritos de Moisés e Elias.
Mais
tarde, Ele mesmo, por diversas vezes, apareceria redivivo aos olhos dos companheiros
amados, consentindo, inclusive, que um deles tocasse em suas feridas, para certificar-se
da realidade da vida além da morte.
As
alegrias que vos serão advindas do cumprimento de vossas obrigações na mediunidade
compensarão todas as vossas dores e sacrifícios.
Disciplinai-vos.
Crescei em espírito e vereis as vossas faculdades medianímicas se ampliarem em suas
possibilidades.
Todo
caminho de ascensão é repleto de obstáculos. Não queirais transpô-los à pressa, mas
estai convictos de que o êxito em qualquer empreendimento demanda tempo de preparação.
Não
duvideis hora alguma da ação dos desencarnados sobre vós...
Devotai-vos
à prática do bem ao semelhantes, criando um ambiente propício para a fé.
A
ociosidade conduz ao cepticismo.
A
indiferença ante a dor de quem chora relega ao descaso os assuntos pertinentes à alma.
Tende a
fé em vós mesmos! Não vacileis na tarefa que vos tenha sido confiada em vosso singelo
círculo de atividades doutrinárias.
Elevai-vos
mentalmente e equilibrai os vossos sentimentos para transmitirdes com a fidelidade
possível os recados do Mais Além. Sobretudo, preocupai-vos em serdes intérpretes das
boas obras...
Filhos,
o exercício da mediunidade com Jesus não exime o medianeiro de suas provas. Vertei o
amaro pranto de que vos seja causa a ingratidão dos homens, preferindo as lágrimas
derramadas no cumprimento do dever do que a satisfação ilusória de quem deixa de fazer
o que deve pelo que quer.
Filhos, que o centro espírita - célula viva do Cristianismo em
suas origens - vos mereça o melhor carinho e consideração.
Sempre
que possível, integrai a equipe de companheiros que permanece lutando para que o templo
espírita cristão tenha sempre as portas descerradas à comunidade.
Não vos
isoleis uns dos outros, fugindo à convivência salutar que vos preserva o discernimento e
vos combate o personalismo.
Em
contato com os irmãos de ideal, as vossas idéias se reciclarão e a indispensável
permuta de experiências vos será uma permanente fonte de inspiração para o trabalho.
Os cristãos dos primeiros tempos do Evangelho na face do mundo, não atuavam
isoladamente.
A
auto-suficiência espiritual carece de ser combatida com determinação.
Se considerais que nada tendes a aprender com os companheiros,
não olvideis a vossa obrigação de ensinar.
Quanto
puderdes, no entanto, preocupai-vos em não vos aterdes única e simplesmente à teoria ou
à disputa de cargos de liderança. Participai diretamente das tarefas mais humildes da
casa espírita, vacinando o espírito contra o fascínio de si mesmo.
O Mestre
lavou os pés aos apóstolos... Nas instituições meramente humanas, manda mais quem
tenha mais dinheiro e poder, todavia, naquelas que transcendem os interesses dos homens,
quem mais pode é quem mais serve.
Filhos,
adequai o centro espírita para que ele cumpra, na Terra, a sua função de educandário
das almas. Dentro dele, consagrai um tempo sempre mais dilatado ao estudo da Doutrina,
evitando que se transforme em foco de mediunismo e perturbação.
Que, em
suas atividades, o grupo espírita dos dias atuais procure se assemelhar à casa dos
apóstolos, em Jerusalém, abençoada oficina de trabalho, que tanto se preocupava em ser
pão para o corpo quanto em ser luz para o espírito!
Filhos, não olvideis que os vossos afetos invisíveis do
pretérito procuram interferir negativamente em vossos justos anseios espirituais do
presente.
De todas
as formas, eles buscarão se insinuar em vossos caminhos, impedindo a vossa
desvinculação mental com o passado.
Pela
afinidade natural que convosco estabeleceram em experiências pregressas, lograrão fácil
acesso ao vosso psiquismo, articulando aos vossos ouvidos inaudíveis palavras de
desalento.
Praticamente
sem tréguas, insistirão convosco na descrença, armando-vos o espírito contra os
companheiros que vos têm concitado à renovação.
Levantarão
em vós suspeitas infundadas a respeito daqueles que podem vos influenciar para o bem.
Não
raro, prepararão instrumentos para vossa queda no rol de vossas afeições mais íntimas.
Nos
lábios dos que tenham alguma ascendência sobre vós, colocarão palavras que vos
induzirão a reconsiderar atitudes e decisões no campo da fé.
Os
irmãos consangüíneos do Mestre o tinham à conta de homem fora do seu juízo
perfeito...
Quantos
se fizeram cristãos nos primeiros tempos do Evangelho começavam a ser chamados ao
testemunho no seio da própria família.
Os
espíritos que lutam contra os propósitos de espiritualização das criaturas envidam
esforços no sentido de que o seguidor de Jesus na Doutrina Espírita vincule a causa dos
problemas materiais que enfrenta à sua nova opção de fé.
Por este
motivo, os espíritas sempre facearão acirrada perseguição material por parte dos
opositores da Terceira Revelação. Além de sustentarem lutas cármicas pessoais,
defrontar-se-ão com os adversários da Causa que abraçaram.
No
entanto o amparo espiritual não haverá de faltar a quem tome a decisão de renunciar às
facilidades transitórias.
Filhos,
perseverai na fé e triunfareis!
Filhos,
quantos permanecem na expectativa de novas revelações do Mundo Espiritual por suplemento
da fé, olvidam que o Evangelho continua sendo a mensagem inédita da vida que todos
carecemos assimilar.
A
Ciência, sem dúvida, desvendará aos homens novos caminhos e a luz da Verdade
gradativamente resplandecerá para as criaturas, todavia os preceitos básicos para a
felicidade humana se resumem na lição do amor que o Cristo ensinou à Humanidade.
O maior
desafio para o homem não se constitui na conquista do Cosmos ou no pleno conhecimento das
leis que regem o mundo material: o seu maior desafio é a conquista de si mesmo, no
domínio mais amplo das próprias emoções e dos pensamentos que se originam em seu mundo
intimo.
A
aplicação das virtudes cristãs no cotidiano - paciência, perdão e solidariedade -,
ontem quanto hoje, dentre outras, é constante apelo à auto-superação que a cada dia se
renova.
Tendo-nos
sido legado há dois mil anos, o Evangelho não perde atualidade, porquanto as palavras do
Cristo, expressando a Verdade, que jamais se altera, são de vida eterna.
Assim,
não condicioneis a vossa crença na Doutrina às revelações que vos sejam formuladas
sem critério pêlos que habitam as dimensões da Vida Mais Alta.
Não
façais a vossa fé depender do miraculoso e do sobrenatural, como se, mentes enfermas,
sentísseis sempre a necessidade de vos alimentardes do que extrapola os limites do bom
senso.
Os
espíritos que, de hábito, convosco intercambiam ainda não diferem muito de vós outros
e possuem parcos conhecimentos Vida que se desdobra fora da matéria.
Habilitai-vos,
em vosso mundo moral, para os acréscimos que desejais ao que já sabeis da Verdade.
Por
outro lado, considerando-vos, considerai a falta de instrumentação mediúnica adequada
para que as realidades de Além-Túmulo vos alcancem sem alterações significativas e sem
comprometimento de sua autenticidade.
Filhos,
contentai-vos com o que tendes, convictos de que ainda não sois gleba para mais farta
semeadura.
Filhos, não vos considereis criaturas isentas de erros, para que
a compaixão vos inspire na apreciação da conduta alheia.
Todos, a
qualquer momento, poderemos cair, equivocados.
Em sua
maioria, os adeptos da Doutrina estão longe de ser os missionários que se imaginam, ou
que companheiros desavisados f os supõem nas tarefas em que se redimem.
Não vos
consintais a idolatria e nem provoqueis elogios a vosso respeito, suscitando ilusões que
muito vos haverão de custar.
Esquecei
o passado e, sob qualquer hipótese ou pretexto, fugi de rememorá-lo, principalmente no que tange às vossas ligações
afetivas do pretérito.
O
esquecimento das vidas que se foram representa uma das maiores dádivas da Lei Divina para o espírito na reencarnação.
Observai
as vossas tendências e inclinações no presente e tereis uma idéia aproximada do que
fostes e do que fizestes outrora.
Se
reparardes um companheiro em queda, em vez de injuriá-lo, procurai socorrê-lo para que
se levante e prossiga no desempenho das obrigações que lhe pesam.
Quem
escarnece da Humanidade, escarnece de si mesmo; quem apedreja o pecador, lança pedras
sobre a sua própria imagem...
Feliz de
quem já sabe reconsiderar o caminho percorrido e, se necessário, alterar o curso da
caminhada.
Quase
sempre, os erros que identificais nos outros vos servem apenas de justificativa para os
erros que cometestes ou pretendeis cometer.
Não
contemporizeis com o mal que subsiste
Pretender
a infalibilidade, vossa ou do próximo, na atual conjuntura evolutiva do espírito humano
no Planeta, seria pretender o inexeqüível.
Filhos,
compadecei-vos uns dos outros e não fomenteis discórdias entre vós.
Cada
qual se encontra estagiando em um degrau especifico da simbólica escada do conhecimento
espiritual, de que as mais diversas religiões não passam de simples representantes na
Terra.
Filhos, antes de pretenderdes a unificação dos serviços
concernentes à fé espírita, pretendei a unificação dos vossos sentimentos na
vivência dos postulados que abraçastes.
Não
existe união sem entendimento.
Quem
não sabe ceder em seus pontos de vista não sabe trabalhar pelo congraçamento dos
companheiros.
Sem
dúvida, a união em torno de nossos princípios na Doutrina Espírita é de fundamental
importância na preservação da unidade do Movimento, todavia, sem a exemplificação dos
que se lançam a semelhante cometimento ocupando cargos de proeminência, todo esforço
neste sentido não passará de tentativa frustrada de aproximação.
Por
agora, convençamo-nos de que a perfeita integração de idéias é um sonho vago e
distante entre os homens, mas, para quem procura concordar no essencial, o acessório não
é fator de divisão.
Se a
teoria é válida, somente a prática fala de seu significado e sua importância.
A
dissensão entre os adeptos da Causa, a fragiliza diante de seus opositores e a torna
vulnerável às criticas.
Se os
irmãos de ideal não silenciam melindres no grupo espírita, toda a tarefa fica
comprometida e não alcança a finalidade que se propõe.
De quem
lidera nunca se espera somente a palavra.
Filhos,
o "amai-vos uns aos outros" não nos condiciona o amor àqueles que convivem
conosco, ou seja, não implica em que amemos apenas àqueles que não nos criem
embaraços. Ao contrario, o grande desafio do amor se nos resume no amor que daremos a
quantos, constantemente, nos atestam na capacidade de compreender e perdoar.
Unamo-nos
na fé, unindo-nos em nossos propósitos de renovação íntima através das boas obras.
A
pretexto de defender a Verdade, não fomentemos o fanatismo e o preconceito.
Unamo-nos
no ideal superior do bem incondicional aos semelhantes e estaremos prestando à
unificação espírita a nossa melhor e decisiva colaboração.
Filhos, participando dos vossos estudos em torno das páginas de
"O Evangelho Segundo o Espiritismo", destacaríamos o trecho que nos sugere mais
acuradas reflexões: "Amar, no sentido profundo da palavra, (...) é procurar ao
redor de si o sentido íntimo de todas as dores que oprimem vossos irmãos, para
abrandá-las..."
Ninguém
extingue um incêndio com, simplesmente, combater-lhe as labaredas. Para erradicá-lo por
completo, indispensável concentrar esforços no ponto em que se origina e se propaga.
Segundo
a palavra dos Espíritos Superiores a Allan Kardec, o verdadeiro amor é aquele que
perscruta a causa do sofrimento, não se limitando a minimizá-lo em seus efeitos.
O mal
apenas deixará de existir entre os homens quando as suas raízes forem arrancadas do solo
do Planeta!
A
carência material, seja ela qual for, exterioriza uma necessidade de ordem moral. A
indiferença humana ante verdades que transcendem, permanece na base dos problemas que
afligem a Humanidade.
Socorrer
a dor imediata é dos mais comezinhos deveres que a solidariedade impõe, no entanto
identificar-lhe as origens para, ao longo do tempo, impedir as suas recidivas, é tarefa
indispensável.
Atendei,
assim, à fome do corpo; providenciai o agasalho e o remédio, sem vos esquecerdes,
porém, de fazer luz para que as trevas da ignorância se desfaçam.
Se é
justo cooperar com o pai de família que, de um instante para outro, se vê às voltas com
o desemprego, mais justo ainda será ampará-lo com uma nova oportunidade de trabalho.
A
assistência fraterna aos irmãos carentes não deve induzi-los à excessiva dependência,
sob pena de viciar-lhes o espírito.
É
evidente que, cada qual é exortado pela Vida a equacionar as próprias dificuldades: a
solução definitiva dos problemas que enfrenta passa,
necessariamente, pela maior conscientização do homem no processo da
evolução.
Filhos,
não vos esqueçais, portanto de que amar é ensinar o caminho, encorajando a quem deve
tomar a iniciativa de percorrê-lo.
Filhos, o estudo da Doutrina faz adeptos conscientes para a
Causa.
Quem se
aprofunda no conhecimento da Verdade solidifica a Fé.
Estudai
em grupo, permutando impressões sobre os pontos doutrinários em análise, auxiliando os
companheiros inexperientes a pensar com o Codificador, no entanto, quanto vos permitam as
possibilidades de tempo, efetuai a vossas incursões solitárias nas obras que vos
acrescentem luz ao espírito.
Não vos
contenteis com apenas ler: estudai e meditai, não olvidando que a Verdade não é
propriedade exclusiva de ninguém.
Fácil
manifestar a Fé diante daqueles que vos observam os movimentos; difícil é o testemunho
da Fé perante o altar da própria consciência, quando as provas da Vida vos conclamam à
anônima exemplificação.
O estudo
da Doutrina, aliado às atividades do Bem - estudo sistemático e atividades perseverantes
-, robustece a crença, tornando-a inexpugnável aos ataques do cepticismo, que engendra o
desalento.
Quem
assimila o conhecimento não se contenta com o que lhe ensina a teoria: lança-se à
aplicação do que já sabe, buscando entesourar o que somente a prática é capaz de
transmitir.
Filhos,
não vos afasteis dos livros da Codificação e das obras que vos mereçam credibilidade.
Acautelai-vos contra aqueles que, sutilmente, possam vos arredar da lógica e do bom-senso
doutrinários. Livros existem sob o rótulo de espíritas, que tão-somente nasceram das
mentes superexcitadas de seus autores, veiculando teorias contraditórias e absorvendo o
tempo dos leitores que as escolheram sem indicação séria.
Apartai
o joio do trigo...
Os que
estudam a Doutrina com interesse, procurando vivenciá-la, desenvolvem a capacidade de
intuir, penetrando o espírito da letra e alcançando níveis superiores no que tange à
interpretação da Verdade.
Estudai
e bebereis diretamente na fonte a água que vos saciará toda a sede!
Filhos, devotai-vos à seara espírita com o pensamento de que
estareis devotando-vos a vós mesmos, no labor que a Fé Raciocinada vos enseja na
presente encarnação.
Não
malbarateis o tempo à vossa disposição, mas alicerçando, desde agora, os valores
imperecíveis da alma.
Cada
minuto no corpo vos representa um investimento para o futuro - investimento que vos
renderá lucros de grande soma espiritual ou, ao contrário, dividendos de frustração.
Cumpri
com os vossos deveres familiares e sociais, mas não relegueis a plano secundário as
obrigações que vos competem no Espiritismo.
Não
permitais que a alegação de fatalismo, por parte de quantos ainda não vos compreendem o
ideal, vos arrefeça o ânimo na tarefa.
Sem
desrespeitar a crença dos vossos antepassados, perseverai no caminho que fostes chamados
a trilhar, possibilitando que, a partir de vós mesmos, a vossa parentela consangüínea
se liberte dos grilhões do preconceito.
Em
vossas atividades doutrinárias, não desprezeis o concurso dos mais velhos e não
pretendais, de maneira afoita, o que necessita de obedecer ao natural espírito de
seqüência da Vida.
Convivei
com os companheiros de vossa idade, procurando influenciá-los com os vossos bons
exemplos.
Nada
façais que, mais tarde, vos suscite arrependimento, inclusive tomando cautela para que
não venhais, depois, a inculpar a Doutrina por não terdes vivido como vivem os jovens de
vosso tempo.
O
Espiritismo, na revivescência do Evangelho, a nada constrange os seus adeptos, mas apenas
os conscientiza da transitoriedade da vida que passa no mundo com o seu cortejo de
ilusões e frivolidades.
Amai a
Doutrina, nela amando uma causa maior para a Humanidade.
Compreendei
que vos achais engajados numa obra que transcende os vossos interesses pessoais e
imediatos.
Filhos,
não vos esqueçais de que o Senhor pereceu relativamente jovem na cruz, esperando contar
com vosso vigor físico e com o vosso entusiasmo juvenil no serviço do Evangelho.
Filhos, estais convictos de que, para os trabalhadores, o mérito
do trabalho é pessoal e intransferível.
Quem
obedece e realiza lucra mais do que quem simplesmente ordena, negando-se a ombrear com os
companheiros que disputam o privilégio de servir.
Sem
dúvida, quem idealiza o bem, ensejando a outros oportunidade de concretizá-lo, cumpre
elevada função entre os homens, não olvidemos, no entanto, que deve ser de seu
interesse o envolvimento direto nas tarefas que planeja.
Quem
fala e ensina o caminho acende uma luz, mas quem ouve e se dispõe a percorrê-lo
ilumina-se com ela.
Digo-vos
assim, a propósito de quantos costumam se queixar das inúmeras atividades que são
convidados a desempenhar na casa espírita...
Quantos
não são os que se sentem sobrecarregados espiritualmente, chegando mesmo a se imaginarem
explorados na boa vontade que revelam? Quantos não são os que se afastam, por serem
concitados a efetuarem, constantes doações pecuniárias, em face das despesas
inevitáveis para que o trabalho seja sustentado?
Não acrediteis, sob
qualquer pretexto, que a vossa bolsa, em nome da caridade, se abre para poupar aqueles que
ainda demonstram excessivo apego aos bens materiais e tampouco admitais que, lavrando o
campo do espírito, alguém vos seja capaz de substituir no rosto o suor que devereis
verter por vós mesmos...
A
Contabilidade Divina, que jamais se equivoca, se debita em vosso nome o que passastes a
dever aos cofres da Divina Providência, credita em vosso benefício tudo quanto vos
advém do próprio esforço.
Não vos
canseis, pois, e nem vos desalenteis, quando, porventura, pesar um tanto mais sobre os
vossos ombros o lenho das obrigações espirituais que abraçastes voluntariamente ou que
vos foram delegadas por aqueles que se renderam ao comodismo.
Recordai-vos
das inolvidáveis palavras do Cristo: "O Filho do Homem veio para servir, e não para
ser servido".
Por
conseguinte, somente quem serve desinteressadamente conhece a alegria íntima que o
serviço do bem pode proporcionar.
Filhos,
agradecei aos Céus a oportunidade de já terdes sido admitidos na vossa presente romagem
terrestre, como os últimos dentre os últimos servos do Senhor, dando assim inicio à
jornada de vossa ansiada redenção espiritual.
Filhos, depois da morte é que valorizareis, com maior
propriedade, cada minuto que a Divina Providência vos concedeu no corpo físico... Além
das estreitas fronteiras do túmulo é que lamentareis a oportunidade de ascensão
espiritual que malbaratastes, permitindo-vos envolver em questiúnculas de somenos...
Quando
vos contemplardes, redivivos, na Vida que se desdobra para lá do sepulcro, é que
observareis o que fizestes de vós mesmos na imagem que se vos refletirá no espelho da
própria consciência...
Quando
maior lucidez vos favorecer nas Dimensões do Infinito, sereis invadidos pelo inevitável
remorso de quem, sobre a Terra, não se ocupou quanto deveria da Verdade que transcende os
interesses imediatos dos homens...
Pranteareis,
então, a inversão de valores a que consagrastes a existência, reconhecendo-vos na
condição do aluno leviano que tudo daria para voltar às primeiras lições, na escola
que . desprezou, e recomeçar o aprendizado...
Olhareis
o céu constelado na vastidão do Cosmos que não alcançais e suspirareis, de novo, pelo
aconchego do ninho terrestre, robustecendo as asas frágeis nos vôos em que muitos vos
antecederam...
Então,
porque disputastes sem medir conseqüências para a felicidade alheia, tornareis ao mundo
sem que a luta vos conceda tréguas à paz...
Caminhareis
entre a renúncia e o sacrifício, silenciando queixas e dores, para as quais, na maioria
das vezes, os que renteiam convosco serão omissos...
Tomando
nos ombros a cruz que desprezastes, seguireis com determinação em meio a injúrias e
apupos, à semelhança Daquele que, um dia, nos mostrou o caminho de acesso à Grande
Altura!...
Filhos,
não relegueis a plano secundário o que vos seja de interesse para a vida fora das
dimensões da matéria que logo chega.
Enquanto
vos sorri o Dia e a Grande Noite não vem, trabalhai com afinco preparando o lugar que vos
aguarda em plena imortalidade.
Ainda
hoje, modificai os vossos propósitos para o bem e sejam mais nobres os vossos passos na
Vida!
Filhos, reerguei-vos da queda em que, inadvertidamente, vos
arrojastes.
Não
permaneçais estirados no chão do desespero e da inércia, aguardando que mãos anônimas
e abnegadas tomem por vós a decisão que vos compete de prosseguir caminhando com os
próprios pés.
Levantai-vos
e continuai, vacilantes embora.
Reconsiderai
a trajetória e acautelai-vos contra possíveis novas quedas.
Mantende-vos
o tempo todo vigilantes e não vos descureis um só instante da armadilha traiçoeira de
vossas mazelas.
Apoiai-vos
nos encargos que vos cabe cumprir, em relação ao próximo, e não vos concedais
excessivo tempo nas necessidades pessoais.
Esquecei-vos,
quanto puderdes, nas tarefas do bem.
Se
magoastes o coração de alguém, não hesiteis em lhe pedir perdão sucessivas vezes,
porquanto, se temos a obrigação de perdoar setenta vezes sete a quem nos ofenda, caso
sejamos nós os algozes, peçamos às nossas vitimas um perdão ilimitado através de
nossas atitudes de regeneração.
A
verdade, não vos esqueçais disto, nunca está do lado de quem acusa e fere.
Humilhados
por aqueles que vos conheçam os pontos vulneráveis da personalidade, aprendei a contar
com a Compaixão Divina que vos ama como sois e não vos aponta o dedo em riste.
Sobre a
Terra, a cavaleiro da situação que examina, não há quem possa censurar ninguém ou
atirar a primeira pedra.
Por
certo, na jornada que cumprimos, muitos tropeços ainda nos esperam, todavia não nos seja
isto pretexto para contemporizarmos com o mal ou exercermos excessiva tolerância em causa
própria, nos equívocos que perpetramos.
Filhos,
que o Senhor vos abençoe e vos fortaleça.
Não
olvideis que, se os homens são faltos de misericórdia para com os seus irmãos em
Humanidade, Deus não se nega ao perdão a nenhum de seus filhos, mas concede sempre aos
que se revelam mais débeis dentre eles a bênção do recomeço no clima da lição.
Filhos, atentai para o que o Cristo vos disse, com relação às
obras dos homens: "Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar
bons frutos".
Assim
como o fruto é o resultado final do esforço da árvore que o produziu, as boas ou as
más obras representam a velada intenção de quem as concebeu.
Embora
sem causar impressão positiva em quem as observe exteriormente, muitas árvores produzem
excelentes frutos.
Para
oferecer frutos opimos a quem os procure em seus galhos, a árvore superou-se, olvidando
as dilacerações no tronco e as doenças que lhe acometeram as folhas.
Quantos
são os homens cuja aparência não recomenda o caráter e que, no entanto, são capazes
de largos gestos de solidariedade? Quantos os que contradizem positivamente, com as suas
atitudes voltadas para o bem do próximo, as palavras que pronunciam em momentos de
insensatez?
Os
frutos nos trazem noticias profundas da árvore de que promanam...
Não vos
inclineis, pois, a julgar a quem quer que seja pelas aparências, quando, em verdade, nem
pêlos seus atos devereis fazê-lo.
O que
conta é a ação, entretanto não vos descureis do que lhe antecede o surgimento. É
evidente que da árvore de raízes robustas, tronco e galhos saudáveis, frutos saborosos
pendem com maior espontaneidade... Isto equivale a dizer que o desleixo moral, a pretexto
do bem que já se consegue fazer, pode comprometer o homem em suas aspirações de ordem
superior.
A
conversação leviana acaba por viciar o espírito; a tentação que não se combate de
maneira eficaz termina por se impor...
Filhos,
disciplinai-vos, e a vossa produção nas boas obras, tanto do ponto de vista quantitativo
quanto do qualitativo, surpreenderá as mais otimistas expectativas.
Fazei
agora o que esteja dentro de vossas diminutas possibilidades, ansiando sempre por mais e
melhor.
Por
vezes, quem se acomoda no bem que já consegue realizar é ultrapassado por aquele que,
rompendo com as trevas de séculos, caminha com maior determinação e coragem na
direção da Luz.
Filhos, não vos entregueis aos conflitos da palavra em torno dos
assuntos concernentes a Fé.
Respeitai-vos
em vossas crenças, nelas compreendendo os múltiplos degraus da escada que vos compete
subir, para alcançardes em seu ápice, a Verdade integral.
Enquanto
muitos polemizam a respeito do bem a ser feito, o mal continua se propagando e fazendo
milhares de vítimas no mundo todo.
Deixai
para mais tarde os temas que não vos sejam essenciais ao entendimento...
Vede que
os caminhos díspares são indispensáveis às diferentes experiências que o espírito
carece de realizar.
Que os
homens de fé procurem imitar os homens de ciência que se unem por uma causa comum.
Quem
discute religião, no fundo, pretende as benesses de Deus só para si - no que, caso o
Criador o atendesse, revelaria a sua face inconciliável diante da Criação.
Sabei
que o entrelaçamento das religiões que hoje vos separam é apenas uma questão de tempo.
Felizes os que já lograram antecipá-lo em si mesmos, predispondo-se à fraternidade pela
unidade da Fé.
Já que
Deus é único, não existem dois caminhos que a Ele conduza; logo todas as estradas de
acesso ao Criador são convergentes - a divergência é uma condição meramente humana,
que ainda fala do egoísmo milenar ao qual viveis escravizados.
Pensai
mais e de modo mais abrangente do que tendes pensado até então. O Cristo foi, sobre a
Terra, a personificação do amor.
Não vos
esqueçais de que o Amor vos conduz ao Reino dos Céus antes que a Verdade seja capaz de
fazê-lo.
Filhos,
não vos creiais redimidos pela vossa crença. A verdade tão somente liberta -liberta a
criatura encarcerada na ilusão para que, através do esforço imprescindível, ela dê inicio ao seu processo de
sublimação espiritual.
Estendei
as vossas mãos e sede fortes e unidos contra o materialismo avassalador, que - este sim -
representa o perigo real para a Humanidade.
Filhos, adentrando o Terceiro Milênio da Era Cristã,
necessário que avalieis o que tendes feito, em vós mesmos, para que o Espiritismo, na
causa que abraçastes, se propague sem tantos embaraços em beneficio dos homens, na
Terra.
Tendes
sido, no grupo espírita ao qual vos vinculastes, um fator de união entre os
companheiros?
Quais os
vossos verdadeiros propósitos na Doutrina?
Pretendeis
tão-somente usufruir das bênçãos da fé raciocinada ante as arremetidas do medo e da
insegurança, a caminho da vida de além-túmulo, ou anelais que a fonte cristalina que
vos dessedenta se oferte aos lábios ressequidos de quem renteia convosco na
peregrinação para os cimos?
Freqüentais
a casa espírita apenas por desencargo de consciência ou já vos integrastes a alguma
tarefa em que já vos seja possível sentirdes mais úteis?
Exerceis
a mediunidade para o vosso deleite, no intercâmbio com os amigos do Mais Além, ou dela
fazeis um instrumento cotidiano de consolo e de esclarecimento para os que vagueiam sem
rumo?
Sem que
o espírita, individualmente, se conscientize de sua importância na difusão das idéias
libertadoras que esposou e se engaje com determinismo nas tarefas que as expressem, o
Espiritismo não logrará ser a doutrina capaz de empreender a transformação que dela se
espera na revivescência do Evangelho.
Que o
espírita, portanto, na sintonia com as suas cogitações de ordem superior, incorpore o
ideal e permita através de si a livre manifestação do Bem na exemplificação que lhe
compete.
O mundo,
de fato, esta repleto de teorias... A Humanidade sente carência de quem ensine o que
sabe, fazendo o que fala. Apenas os espíritos imaturos se deixam envolver pelo verbo
eloquente G brilhante, mas contraditório e destituído de ações positivas.
O Cristo
não arrastava as multidões tão-somente pelo que pregava.
Filhos,
sede transparentes em vossa fé, e prestareis à Doutrina relevante serviço para que, no
milênio em que adentrais, ela desperte o interesse de quantos ainda vivem à margem de
seus postulados.
Neste
sentido, convenhamos, vós que vos encontrais sobre a Terra podereis fazer por ela muito
mais do que nós!
Filhos, a insanidade mental, em suas manifestações, é
decorrente da imperfeição humana. Todos estamos mais próximos do ontem que do amanhã:
o passado exerce maior influência sobre as nossas ações do que o próprio presente, que
somos chamados a viver no hoje das oportunidades que se nos renovam, através da
reencarnação.
Imprescindível,
pois, que vos acauteleis contra o desequilíbrio que, num instante de cólera ou de
invigilância, poderá vos acometer nas reações patológicas da mente.
Habituai-vos
à serenidade, através da oração e do exercício constante do bem aos semelhantes,
criando em vós mesmos resistência contra o mal que vos espreita os passos na caminhada.
A
lembrança de vossas imperfeições e mazelas, é em vós mais recente do que a das
virtudes que ainda não acordastes no espírito... Mesmo sabendo que somente o Amor é
real, porque eterno como a Fonte da qual promana, os homens não têm hesitado em fomentar
o ódio, criando ilusões que se opõem à Verdade.
Porque
não conseguem fugir à horizontalidade de suas idéias e emoções, com verticalizar o
eixo da própria alma, à procura de mais nobres valores, os homens, à semelhança da
lagarta que não sabe transfigurar-se em falena, ainda rastejam no visco das paixões que
engendram a violência e a criminalidade, que fazem a guerra e não permitem a
solidariedade.
Jesus
Cristo é a Mente Divina que veio ao mundo para plasmar a mente humana.
A falta
de perdão é uma insanidade; os hábitos nocivos da alma são enfermidades que carecem
ser tratados pela terapia da Fé aliada à Razão, pois, se a Fé sem o concurso da Razão
é fanatismo, a Razão sem o sustentáculo da Fé é loucura...
Compadecei-vos
dos que caíram nas valas do desequilíbrio e procurai soerguê-los. A queda de alguém
que convosco renteia é ameaça de queda para vós.
Nenhuma
virtude sobrevive solitária. Sem que os outros compartilhem da nossa felicidade, não
saberemos o que seja ser feliz.
Filhos,
que o Senhor, consoante as palavras de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", nos
preserve de abalos a Razão.
Filhos, ninguém sobre a Terra nunca se vigiará o bastante, nos
arrastamentos a que o mal o conclame a cada instante.
Quando o
homem se julga fortalecido o suficiente e dispensado de se manter alerta contra as
tentações, é que, para ele, há perigo de queda.
Quem se
reconhece fragilizado e não descura da vigilância sobre si dificilmente cai.
Os que
se consideram auto-suficientes, desprezando os pontos de apoio que lhes garantiu o
equilíbrio até aonde chegaram, estão na iminência de se precipitarem no abismo de mais
amargas desventuras.
O
exercício da humildade, com o reconhecimento sincero da própria insignificância, impede
que o homem se entregue ao fascínio de si mesmo e se imunize do assédio da obsessão.
Paulo, o
Apóstolo dos Gentios, escreveu inspiradamente em uma de suas cartas que, quando se
supunha forte, é que verdadeiramente se revelava frágil...
O mal
possui raízes profundas na alma dos homens, difíceis de serem extirpadas de modo a que
não mais se vitalizem.
Qualquer
inclinação infeliz carece de ser vigiada, como o cancerologista vigia o tumor em suas
metastases.
Ninguém
deve permitir-se oportunidades para que a sua tendência negativa se manifeste; ninguém
faça incursões sobre o terreno que, no mundo de si mesmo, não conheça palmo a palmo...
O
trabalho, sem dúvida, é o mais seguro abrigo para quem esteja com o propósito de
refugiar-se, temendo mais a si que aos outros.
Filhos,
a vitória definitiva sobre os vossos vícios e costumes degradantes não será
alcançada, sem que vos disponhais a derramar muitas lágrimas na resistência pacífica e
voluntária ao mal em vós mesmos.
A
semente não medra em gleba que não lhe seja propícia.
Vigiai
os vossos pensamentos, os vossos olhos, os vossos ouvidos, as vossas mãos...
Vigiai
no Senhor para que o Senhor vos vigie!
Filhos, não tenhais medo da vida, nas provas e surpresas do
caminho; não tenhais receio do amanhã, que somente a Deus pertence.
Vivei
com alegria e destemor, submissos à Vontade Divina em qualquer circunstância.
Combatei
os vossos erros, todavia compreendei a necessidade de aprender a lição nos reveses a que
ninguém se furta.
Colhei,
resignadamente, na gleba que plantastes, sem reclamar dos espinhos que vos dilaceram as
mãos que não souberam separar as urzes do bom grão.
Que a
revolta silenciosa não vos amargure a existência, determinando as vossas mais veladas
atitudes.
Não vos
canseis de ser generosos, tolerantes e compassivos.
Amai sem
esperar serdes amados.
Cumpri
com as vossas obrigações pelo pão de cada dia, recordando-vos de que o Senhor alimenta
os pássaros e veste os lírios do campo...
Não
leveis a vida de forma leviana e inconseqüente, sem atinar que as sombras que rondam os
passos alheios também espreitam os vossos.
A dor
que nos tira a tranqüilidade é a mesma que nos possibilita tomar consciência de nossas
fragilidades.
Se, de
quando em quando, o sofrimento não visitasse o homem, é possível que ele jamais se
interessasse pela transcendência da Vida.
Não vos
permitais, pois, concessões de qualquer natureza, na satisfação dos próprios desejos.
Se a
ascensão do espírito é infinita, a queda a que voluntariamente se arroja não conhece
limites... Sempre haverá como descer a mais fundo, escuro e indevassável abismo de dor.
Filhos,
vivei somente com a intenção de fazer o Bem, e em tudo vereis a manifestação da Sábia
Providência.
Não
tenhais medo e não vos enclausureis na inércia como quem retrocede e se oculta, com o
pensamento de que a Vida não o encontrará, mais cedo ou mais tarde, para arrancá-lo ao
comodismo e trazê-lo de volta à realidade.
Filhos, não olvideis que a Lei Divina sempre vos concederá segundo as vossas obras.
Evidentemente
que a graça vos alcançará em vossas necessidades, pois Deus não é um Pai que dê
pedra ao filho que lhe pede pão. Por vezes, mesmo
quando vos falte mérito para obter o que pedis, as bênçãos do
Alto vos serão concedidas, todavia não vos esqueçais de que o vosso merecimento é que
vos recomenda e vos endossa nas rogativas que endereçais à Providência Divina.
Fazei
por merecer aquilo de que tendes carência, porquanto são muitos aqueles que,
infelizmente, sequer se colocam em condições de valorizar e aproveitar a intercessão
que solicitam do Mundo Superior.
A
semente também produz segundo a qualidade da terra em que é lançada...
Quantas
petições requisitadas em prece não são identificadas por aqueles que as formulam, no
exato momento em que são deferidas?
As
necessidades de quem se empenha no bem do semelhante, procurando minimizar-lhes os
padecimentos, são atendidas sem alarde e com presteza pela Lei que manda dar a cada um
segundo as suas próprias obras.
Não
raro, porém, o auxílio que solicitais demanda certo tempo de preparação para que não
se faça infrutífero em suas conseqüências. O socorro obtido nem sempre é o de
repercussão mais profunda para quem se coloca na expectativa dele, mesmo porque quem
obtém o que pede na hora em que pede acaba por se tornar adepto da lei do menor esforço.
Deus é
um Pai que educa e corrige, não permitindo que os filhos descambem para a viciação.
Filhos,
se tendes na Terra remédio de graça para as enfermidades do corpo, não acrediteis que a
Misericórdia Divina não possua recursos para vos suprir, quando a indigência de vossos
espíritos transpareça nas provas que atravessais.
No
entanto diligenciai em acumular os créditos espirituais, que, em qualquer circunstância
e em qualquer tempo, atrairão naturalmente para vós o amparo que vos é imprescindível,
sem que se necessite mobilizar tantos intermediários e afastar tantos obstáculos para
que ele vos alcance.
Filhos, lutai contra os pensamentos infelizes que vos criam
hábitos perniciosos.
A
viciação mental escraviza o espírito nas ações em que encontra comparsas, visíveis e
invisíveis, para que se consumam.
Todo
habito é adquirido. Não acrediteis na força determinante da hereditariedade, com ser capaz
de transferir para o corpo o que é responsabilidade da alma.
Não vos
acostumeis ao mal, para que o mal não se acostume a vos utilizar como instrumentos de sua
propagação no mundo.
O
espírito vive na órbita de seus próprios pensamentos e respira na atmosfera de seus
anseios mais íntimos.
Que a
vossa vida oculta seja como a vida que viveis para que os homens vos vejam.
Não
acalenteis idéias enfermiças, porquanto toda idéia ardentemente acalentada tende a
concretizar-se.
A
dificuldade de se viver com retidão está no fato de não se procurar preencher os
espaços vazios da alma com objetivos enobrecedores.
Quem se
habitua à escuridão da caverna sente-se enceguecido com a luz que brilha lá fora...
Que a
disciplina espiritual, oriunda do cumprimento do dever, vos possibilite a subjugação do
corpo.
Os
prazeres efêmeros a que aspirais, quando passam, deixam seqüelas de longa duração nos
mecanismos da alma.
Quantas
vezes o remorso, agindo do inconsciente, aniquila o veiculo que possibilitou ao espírito
os terríveis equívocos cometidos?
Enfermidades
de etiologia obscura, tumorações malignas, súbitas alterações cardiovasculares,
disfunções de certos órgãos vitais ou queda da resistência imunológica,
oportunizando o aparecimento de graves infecções, podem ser desencadeadas por um
processo de autofagia moral, em que o ser pretende libertar-se da vestimenta física em
que se corrompe, esquecido de que a causa de todos os seus males e aflições reside em
sua própria essência.
Filhos,
fora do corpo, o espírito prossegue vivendo de acordo com as suas inclinações e
tendências. A morte em si não transforma ninguém.
Se
desejais mudança substancial adotai Jesus como o Único Modelo de vossas vidas!
Filhos, embora as imperfeições que vos limitam os passos na
seara do Bem, agradecei ao Senhor pelo privilégio de servir, enquanto tantos ainda não
lograram a libertação espiritual de si mesmos.
Quantos
são os que não conseguem perseverar nas tarefas de beneficência, apenas de raro em raro
cooperando na concretização das boas obras, consumindo, assim, a maior parte do tempo
que Deus lhes concede na reencarnação, tão-só para o atendimento das próprias
necessidades?
Seja
qual for o vosso drama de consciência nos erros que cometestes ou ainda cometeis, não
admitais retrocesso em vosso esforço de renovação através da prática da caridade.
Mesmo
chorando sob o guante da tentação, que vos impõe sucessivas quedas, prossegui com
determinação, sem recuar um passo sequer em vossos propósitos de elevação.
Quem vos
recebe das mãos o pão e o remédio, o agasalho e o amparo providencial não vos
questiona a respeito da natureza das bênçãos que lhes são prodigalizadas.
Quem se
encontra sedento não se importa com o grau de pureza da fonte que lhe mitiga a sede no
deserto escaldante.
O lírio
que desponta no charco possui maior mérito e beleza do que a flor que se abre em bem
cuidado jardim.
Filhos,
não deixeis escapar de vós a oportunidade de colaborar no bem dos semelhantes. Mesmo que
escuteis censuras a respeito de vossas intenções ou que alguém vos remexa velhas
feridas que não se cicatrizaram de todo, não vos magoeis ao ponto de desistir do sublime
tentame.
Os que
não se encorajam a escalar o monte íngreme das suas próprias mazelas permanecem
acomodados no vale das ilusões humanas, na expectativa de que caiam os que ousaram
avançar os limites de si mesmos.
ioria
dos que se converteram ao Evangelho, antes que se escrevessem os seus nomes nas páginas
do devotamento cristão de todos os tempos, não passavam de criaturas frágeis, emergindo
das sombras de uma vida atribulada para a luz da sublimação.
Filhos, os vossos impulsos negativos costumam vos assaltar, mesmo
quando vos encontrais envolvidos nas tarefas de amor ao próximo.
E o
melindre que vos suscita um companheiro de ideal com o qual ainda não vos afinizais
completamente; é a vossa equivocada postura de superioridade que vos é incentivada pela
vossa transitória condição de doadores; é a ilusão a que vos inclinam os bens
amoedados que fostes chamados a administrar com parcimônia; é a injustiça que vos
assoma à personalidade, através das decisões arbitrárias que tomais em relação ao
que se deve dividir com os necessitados; é a palavra áspera com que vos achais no
direito de vos dirigir aos que convosco cooperam, em escala menor; é a indiferença ante
a opinião de um vosso anônimo colaborador que insensatamente considerais sem lucidez
bastante para externar o seu ponto de vista; é a censura descaridosa que efetuais contra
os que não se talham pelo vosso figurino moral; é a movimentação inútil que
empreendeis para afastar determinado integrante do grupo que não vos corresponde aos
anseios...
Não é
porque vos encontrais fazendo o bem aos outros que o mal, ainda subsistente em vós, vos
deixa de disputar a alma.
As
trevas não desistem facilmente.
Não há
quem possa se considerar suficientemente forte para menoscabar a tentação.
Filhos,
cuidai para que os vossos impulsos negativos não vos comprometam a alegria oriunda da
prática do Bem.
Sede,
pois, generosos e fraternos, principalmente com aqueles que estejam mais próximos e que
não tenham despendido tanto quanto vós.
A
caridade não atropela ninguém.
Pondo um
pouco mais de caridade na caridade que praticais, não consentireis que a luz que se vos
projete da alma o faça com tantos traços de sombra.
Filhos, não vos esqueçais de que, sem vigilância, vós mesmos
podereis vos transformar em instrumentos de perturbação espiritual uns para os outros.
Os
espíritos obsessores, interessados em minar-vos a resistência moral, além de
assediar-vos diretamente, assediam-vos indiretamente através daqueles que não supõem
estar lhes servindo de intermediários para vos subtrair a paz.
A
obsessão, quase sempre, é construída sobre o medo e sobre a falta de confiança que a
sua vítima demonstra com referência à bondade de Deus, que não relega ninguém ao
abandono.
Os
vossos adversários invisíveis se esmeram na técnica de vos induzir ao desequilíbrio,
chegando, inclusive, a vos suscitar idéias renitentes de doenças que vos atemorizam e
vos implantando na mente pensamentos nocivos que passais a acalentar diuturnamente.
Inspirando
pessoas que convivem convosco, algumas mais íntimas, outras não, colocam-lhes
palavras-chaves nos lábios -, palavras que se lhes transformam em pontos de sintonia
mental, para a perseguição sem trégua com que os vossos desafetos do pretérito
pretendem vos levar à loucura ou a atitudes de extremo desespero.
Quando
vos observeis padecendo o assédio sem pausa de idéias que repercutam negativamente no
vosso organismo físico, constrangendo-vos à insônia e à inapetência, à
irritabilidade e à apatia, considerai a hipótese de obsessão por causa determinante do,
processo que se instala.
Procurai
no trabalho o vosso refúgio e não cedais espaço mental para as sugestões infelizes que
tendem a vos ocupar o espaço íntimo.
Filhos,
orai com redobrado fervor e não vos afasteis da serenidade, mas esforçai-vos para não
perderdes o autodomínio.
Atentai
para as palavras de ânimo e de coragem que, por outro lado,
ouvirdes da boca daqueles que o Senhor inspira a fim de vos fortalecer na
caminhada.
Não
ignoreis os instrumentos do Bem que, no corpo e fora dele, permanecem lutando convosco
para que alcanceis definitiva vitória sobre os vossos próprios desajustes.
Filhos, sede humildes e submissos, diante das provas que vos
afligem.
Recordai-vos
da advertência do Senhor e não resistais ao mal que vos queiram fazer.
Aceitai,
com resignação, o peso da cruz sobre os ombros e não intenteis opor-vos ao movimento
natural da Vida, no curso dos acontecimentos que se sucedem.
É
inútil desferir braçadas contra a correnteza...
Harmonizai-vos
com a Vontade de Deus e não queirais modificar, com violência, o rumo das coisas que
concorrem para o vosso aperfeiçoamento nos fatos que se desencadeiam através das
circunstâncias.
A Fé
que opera no Bem de todos não se caracteriza por passividade em quem não consegue dar
solução imediata aos próprios problemas.
Prossegui
vivendo com determinação, fazendo o que vos seja possível pela melhoria da existência,
sem que jamais vos acomodeis.
A
verdadeira resignação não é o retrato de nenhum homem de braços entregues à inércia
e de pernas que não lhe permitam sair do lugar...
Trabalhai
na solução das dificuldades alheias e tereis as vossas solucionadas, porquanto é da Lei
que ninguém seja auto-suficiente o bastante que dispense o concurso do próximo na
construção da própria felicidade.
Filhos,
todos somos levados a facear situações que nos estimulam a humildade.
Agradeçamos,
pois, os reveses que se nos tornam indispensáveis à contemplação da realidade íntima
em que vivemos.
Infeliz de quem abandona o corpo de carne, vitimado pela ilusão
que lhe dificulta o despertar na Vida Mais Alta.
O homem
que não tropeça e cai ignora a sua fragilidade de espírito e acredita ser o que não
é.
Se
pretendeis alçar vôo seguro demandando o Infinito, nivelai-vos ao chão, procurando,
primeiro, o fortalecimento das próprias asas.
Filhos, inevitável o progresso de todas as coisas em busca da
perfeição.
Nada
será capaz de deter o avanço vertiginoso da Vida...
Os
desajustes são imprescindíveis à renovação e à retomada do crescimento para a Luz.
Avançar
sempre - eis o lema que norteia a caminhada de tudo que existe, no anseio de ser mais.
Inevitável,
pois, que Ciência, Filosofia e Religião se unifiquem com o mesmo objetivo -o
conhecimento pleno da Verdade.
Está
prestes o momento em que a Ciência efetuará o grande salto, transpondo os limites
do túmulo e perscrutando a Vida além da matéria.
Então,
muitas das indagações humanas obterão respostas, com enigmas seculares sendo
solucionados e dando origem a novos e mais amplos questionamentos.
A cada
passo na senda do progresso, o homem constatará a necessidade de voltar-se para si -
porquanto o seu universo íntimo é mais infinito que o Universo, para o qual se volta
exteriormente, há milênios.
Sem os
preconceitos da Ciência e o fanatismo da Religião, o homem, com o auxílio da Filosofia,
passará a cogitar da própria transcendência, concentrando esforços no seu despertar
espiritual.
Filhos,
é inútil que as sombras da noite tentem se opor à claridade do dia...
Quando a
vida na Terra nos pareça presa de indefinido marasmo, eis que o Senhor nos envia os seus
propostos divinos, que se corporificam no Planeta, para darem novo impulso ao progresso em
todas as áreas do saber.
A força
incoercível das Leis, a pouco e pouco, faz com que todas as coisas e todos os seres se
entrelacem, na interdependência que os une.
Não vos
tranqueis intelectualmente e jamais pronuncieis a palavra "impossível", com
referência às variadas e infinitas possibilidades de descoberta do homem, por fora e por
dentro de si.
O
dicionário humano é destituído de terminologia adequada a fim de descrever o que vos
reserva a existência humana para o futuro, sob os auspícios da Misericórdia de Deus.
Filhos, cogitando das coisas maiores, não vos descureis daquelas
que considerais insignificantes.
A grande
árvore se origina de minúscula semente.
O mais
alto edifício não se levanta sem o concurso de anônimas pedras de alicerce.
O rio
caudaloso é a somatória de humildes filetes d'água.
Nada,
quando nasce, surge em sua forma definitiva.
Tudo
parte de um pequeno ponto e, através do tempo, ocupa o espaço que lhe está determinado
pelas leis do Universo.
Sedimentai-vos
na experiência que vos habilita para compromissos de maior envergadura.
Disciplinai
o espírito nas tarefas que, quase sempre, são desprezadas por quantos lhes desconhecem o
valor no fortalecimento da vontade.
Quando
alguém se encontra apto para cumprir obrigações de ordem mais elevada, a própria Vida
se encarrega de lhas confiar através das circunstâncias que o requisitam.
Quando o
homem não consegue ser o que é, onde está, inútil que ele tente ser mais, onde quer
que esteja.
Quem
não prova fidelidade nos encargos menores não se desincumbi com êxito daqueles cuja
importância exige maior persistência e noção de responsabilidade.
Filhos,
as atividades humildes da casa espírita são a vossa garantia de paz e equilíbrio
íntimo. Dentro dela, não aspireis a nada além do que seja servir, sem que vos
entregueis às discussões que costumam inutilizar as vossas oportunidades de ascese
espiritual.
Silenciai
os vossos rancores e considerai-vos os maiores necessitados, agradecendo ao Senhor a
bênção do serviço espírita em que vos refugiais da tentação.
Demorai-vos
mais longo tempo nas tarefas de assistência, antes que cogiteis daquelas que vos tornam
alvo preferencial dos desafetos da Doutrina.
E orai
pêlos companheiros de ideal que, na linha de frente do combate, tantas vezes tombam,
alvejados pêlos dardos ensandecidos das trevas.
Filhos, acautelai-vos contra os falsos profetas que são de todos
os tempos.
Na
atualidade, muitos deles despontam na seara da própria Doutrina, à feição de joio no
meio do trigo, cuidando única e tão-somente dos interesses que lhes dizem respeito.
São
eles os médiuns enganadores que trabalham em causa própria, os oradores e articulistas
que têm mais brilho na palavra que atitudes corretas, os dirigentes que impõem as suas
idéias personalistas ao Movimento...
Sabereis
identificá-los pela sua falta de bom-senso e pelo amor que têm mais a si do que à
Causa.
Os
falsos profetas nunca são capazes de sacrificar-se pelo ideal e, por este motivo, acabam
sempre revelando os seus mais escusos propósitos na militância doutrinária.
Falam de
caridade, mas não logram despojamento para praticá-la; enaltecem a excelência do
perdão, mas se melindram com extrema facilidade; referem-se à importância do serviço,
mas não tomam eles mesmos a iniciativa de servir...
Falta-lhes
uma empatia espiritual mais profunda com a fé e, conseqüentemente, não comunicam
sinceridade aos homens de discernimento.
Filhos,
não enveredeis pêlos sinuosos caminhos da exploração do sentimento alheio; que
ninguém se arroje ao despenhadeiro da descrença por vossa culpa...
Aos
falsos profetas, encarnados ou desencarnados, estarão reservadas as mais duras penas
pêlos equívocos cometidos contra "o Espírito Santo", ou seja, por inocularem
o veneno da desconfiança nas mentes invigilantes que, por longo tempo, haverão de se
mostrar refratárias à luz da Verdade.
Sede
autênticos na fé e não comercializeis com os dons da mediunidade.
Jesus,
em um de seus raros momentos de exasperação, não poupou os vendilhões do templo.
A Lei
Divina agirá com rigor contra os que distorcerem a sua interpretação, junto àqueles
que ainda não aprenderam a pensar com a necessária independência intelectual.
Filhos, através dos vossos vínculos afetivos é que tendes, no
mundo, a oportunidade de vos aproximar dos vossos desafetos do passado, que renascem no
corpo, em obediência aos compromissos assumidos convosco.
Os elos
da consangüinidade vos possibilitam experiências em comum, nas quais vos tornais em
instrumentos de aprendizado mútuo.
A
convivência no corpo vos enseja o desenvolvimento da paciência e do perdão, da
compreensão e da renúncia, virtudes que, paulatinamente, vos ensinam o amor
incondicional por todas as criaturas: amarguras, os traumas, as lágrimas que verteis pelo
amor não correspondido, as aflições do sentimento de posse...
Se não
se habitua a renunciar, a ceder de si mesmo, a se sacrificar pelo próximo, a despojar-se
de ambições, enfim, a não esperar que a Vida gire à sua volta, o homem sofre
-inevitavelmente, sofre.
Filhos,
amai sem cogitar de serdes amados. Sobretudo, esforçai-vos por amar aqueles que nunca
foram verdadeiramente amados.
Filhos, nunca acrediteis que a Verdade vos pertença de modo
absoluto; que a vossa interpretação dos fatos que sucedem aos outros não seja
equivocada; que a razão sempre permaneça do vosso lado; que tendes mais direitos a
reclamar que deveres a cumprir; que viveis isentos das tentações que acometem a tantos;
que sois invulneráveis ao erro; que mereceis os privilégios que desfrutais na
existência; que a Lei Divina cuida de vossa felicidade, em detrimento da felicidade
alheia; Daí a necessidade de se renascer sobre a Terra sucessivas vezes, estabelecendo
vínculos cada vez mais estreitos com os semelhantes; se o homem se destituísse dos
laços afetivos, o sentimento de indiferença é que haveria de norteá-lo na Vida,
impedindo-lhe o crescimento...
A
cartilha da dor encerra para vós outras infinitas lições, advindas do vosso
relacionamento com aqueles que amais de maneira extremada e que ainda não vos
correspondem ao afeto.
O
filho-problema, o cônjuge intolerante e o amigo infiel fazem parte do farto material
pedagógico com que a Lei sempre vos instruiu, no que mais tendes necessidade de saber, em
termos de felicidade real.
Todas as
experiências que os espíritos vivenciam em contato uns com os outros, principalmente
quando decidem tomar o caminho da reencarnação, objetivam pulverizar-lhes as ilusões
que se alicerçam nos valores mutáveis da experiência física.
Nada, do
ponto de vista espiritual, vos edifica tanto quanto as decepções, as que se vos torna
dispensável a vigilância cotidiana; que fazeis mais do que efetivamente tendes a
obrigação de fazer...
Filhos,
nunca acrediteis ser o que ainda vos exigirá derramar muito suor para virdes a ser.
Nunca
acrediteis que novas oportunidades de reajuste não vos venham a ser concedidas; que,
desta vez, não lograreis vos levantar do abismo a que vos arrojastes voluntariamente;
que, para vós, não exista mais nenhuma esperança possível; que estais condenados ao
fracasso e que renascestes predestinados à dor; que a paz perdida jamais se recupera; que
o mal que cometestes não possa ser reparado pelo bem...
E nunca,
sobretudo, acrediteis que o quanto tendes realizado seja o suficiente para que vos
acomodeis na inércia, cruzando os braços diante do que ainda vos cabe realizar na
construção do Reino Divino sobre a face da Terra!
Filhos, o Evangelho é o legado de amor do Divino Mestre para a
Humanidade. Vivenciai-o e sereis felizes.
O
problema do homem não é com Deus, mas, sim, com o próximo.
Não é
pela falta de fé que o homem tem fracassado; aliás, desde os primórdios, ele tem
procurado reverenciar o Criador, na exteriorização de sua religiosidade natural...
A
questão básica da felicidade humana está relacionada à vivência do amor - o
sentimento que supera todo rótulo de crença e que transcende qualquer indagação de
natureza filosófica.
Quem
aplica o Evangelho à sua própria vida demonstra um conhecimento prático das Leis em que
a existência se estrutura, intuindo o que lhe é essencial na compreensão da Verdade.
Quando o
homem aprender a se relacionar com o semelhante, ele terá resolvido, através do
exercício do amor, todos os problemas de origem filosófica que o aturdem há séculos
sem data.
Revivendo
o Evangelho, o Espiritismo conclama os seus adeptos a amar a Deus sobre todas as coisas e
ao próximo como a si mesmos. Todos os artigos de fé da Doutrina, por mais arrojados
intelectualmente, não teriam sentido algum sem que o amor lhes constituísse o ponto
central.
A fé
raciocinada pretende, sobretudo, a renovação do homem. O conhecimento da Reencarnação,
da Lei de Causa e Efeito, da Mediunidade e da Vida em suas múltiplas nuances, objetivam
única e tão-somente tornar a criatura mais lúcida quanto ao próprio destino.
A rigor,
em sua atual conjuntura evolutiva, o homem tem reencarnado mais para aprender a amar do
que para saber o que ainda ignora.
Filhos,
Doutrina Espírita sem Evangelho seria uma lâmpada sem luminosidade.
Não vos
esqueçais do que nos disse o Mestre, quando nos recomendou que, em primeiro lugar,
buscássemos o Reino de Deus e a sua Justiça, afirmando que as demais coisas nos seriam
dadas por acréscimo.
Filhos, tanto quanto vos seja possível, procurai estar mais
perto da dor dos semelhantes, para que não ignoreis a vossa própria realidade.
Convivei
com os que sofrem para que não olvideis as vossas fragilidades...
O
sofrimento que constatamos nos outros e ao qual todos somos vulneráveis nos imuniza
contra a perturbação em nós mesmos.
Os que
se consideram indenes à dor expõem-se com extrema facilidade aos atavios da ilusão, às
decepções e às amarguras advindas de quem cria para si um mundo imaginário.
As
enfermidades mentais, em sua maioria, são oriundas de interpretações equivocadas do
homem a respeito dos acontecimentos que protagoniza no cotidiano.
A dor do
próximo que procurais amenizar vos introjeta e destaca aos vossos olhos as bênçãos que
comumente desconsiderais na existência.
Quantos
não perderam a capacidade de avaliar a extensão das dádivas com que têm sido
aquinhoados pelo Criador?
A quem
se isola no universo das próprias lágrimas falta o necessário discernimento no que se
refere à constatação dos dons com que tem sido agraciado pelas Leis da Vida.
Filhos,
procurai igualmente ter olhos de ver a dor dos que padecem as conseqüências do que não
souberam valorizar no que lhes foi concedido; evitai cometer os mesmos erros perpretados
pêlos ingratos e pêlos descrentes...
Todos,
na Terra, têm o que lhes é imprescindível à felicidade a que fazem jus. Quem não sabe
ser feliz com o que tem também não haverá de sê-lo com o que ambiciona ter.
Fugi de
vos contemplar excessivamente no espelho... Não transfirais para a Lei Divina a
responsabilidade que é vossa na construção do destino.
Quem
evita o contato com a dor alheia faz da sua, tantas vezes insignificante, uma dor
superlativa, sobre a qual se concentra e passa a viver, exigindo, com os seus ais, que as
pessoas de sua convivência orbitem ao seu redor.
Filhos, toda doença tem a sua origem nas imperfeições do
espírito, que reflete sobre as células que lhe constituem o corpo material os desajustes
da consciência.
A
doença, quando se exterioriza, se revela e pede tratamento.
Infelizmente, no entanto, o homem tem oferecido aos seus males
físicos, que são, em essência, males espirituais, remédios que agem perifericamente,
ou seja, que não atuam no âmago da questão.
Os
distúrbios psicológicos do ser, fruto do seu estado de desarmonia com a Lei,
provocando-lhe sensações de sofrimento orgânico, tornam evidentes as necessidades que
se lhe radicam n'alma. O que é subjetivo faz-se concreto para que se lhe corrijam as
distorções.
Embora
realizasse e realize curas no corpo perecível, sujeito às incessantes transformações
da matéria, Jesus se corporificou no mundo para empreender a cura das almas, que não se
efetivará sem o concurso dos enfermos que a desejem.
A falta
de perdão, o ódio, a revolta, a descrença, o ressentimento e toda a variada gama de
sentimentos corrompidos engendram causas profundas nas dores que a Medicina estuda e
cataloga, sem, no entanto, dar-lhes combate eficaz.
Filhos,
a harmonização do vosso mundo íntimo vitaliza as células em desgaste e suprime as
conseqüências mais drásticas do carma, a se expressarem tantas vezes nas patologias que
vos limitam a ação.
Pautai-vos
por uma conduta cristã e, embora mais tarde não vos eviteis de facear a morte,
convivereis com a dor sem as agravantes do desespero.
A
longevidade que o homem pretende no corpo material será uma conquista do espírito e não
meramente da Ciência, no campo das prevenções.
Elevai o
vosso padrão mental e educai os vossos sentimentos, atraindo para vós as forças
positivas da Criação como quem sabe escolher para si o ar que respira.
Não
olvideis que, basicamente, toda cura depende da movimentação da vontade do próprio
enfermo, sem cujo concurso determinante ela não ocorrerá.
Filhos, o esquecimento do passado, nas experiências infelizes
que vivenciastes, é que vos torna viável o progresso espiritual.
Quem
não olvidasse o mal de que tenha sido vítima ou verdugo, estacionaria indefinidamente na
revolta e no ódio, na amargura e na falta de indulgência.
A
amnésia temporária, com relação ao que fostes e ao que fizestes no passado, de certa
forma vos enseja o crescimento íntimo num tempo relativamente mais curto do que
levaríeis para concretizá-lo, caso tivésseis que conviver com as lembranças negativas
que a Lei vos manda esquecer.
Assim
sendo, não vasculheis os arquivos da mente, com o propósito de trazer ao presente o que
deve permanecer sepultado no pretérito. Preocupai-vos com a construção do futuro,
estudando as características de vossa personalidade, para melhor avaliação do caminho
percorrido, valendo-vos tão somente das tendências e dos hábitos que revelais em vossa
existência de agora.
Em
contato com os outros, notadamente com aqueles de vossa convivência mais estreita, os
vossos reais valores vêm à tona, possibilitando-vos a identificação clara dos pontos
vulneráveis da personalidade, sobre as quais devereis concentrar os vossos esforços de
corrigenda.
Os
companheiros com os quais vos compromissastes mais seriamente acionam em vós os
mecanismos psicológicos a fornecer-vos exata noção dos vossos desacertos de antanho,
sem que, para tanto, tenhais necessidade de provocar o despertar de vossas
reminiscências.
Na
vivência espírita do Evangelho, a chamada terapia de vidas passadas acontece
naturalmente, sem que se vos torne indispensável a revelação, em detalhes, do que vos
precipitou a queda.
Quando
um quadro infeccioso se instala no corpo, o médico não espera que se lhe detecte o
órgão de origem, para combatê-lo através da prescrição de antibióticos.
A
prática cotidiana do Bem se vos assemelha, para a consciência enferma, a antibiótico de
última geração e de largo espectro que, embora sem correto diagnóstico do vosso quadro
clínico, combate com eficiência a causa de vossos males.
Filhos, não agraveis o próprio carma com as vossas rações
intempestivas diante do sofrimento. Carregai, com resignação e coragem, o fardo que vos
pesa, não reagindo com desespero quando a prova que faceais fuja ao vosso controle.
Ninguém
pode evitar as conseqüências de se viver num mundo de acerbas dificuldades espirituais,
mas a vossa postura perante os acontecimentos que naturalmente se desencadeiam pode, sem
dúvida, minimizá-los em seus efeitos.
Anulai,
com a vossa atitude de serenidade, o drástico das provações que, com base no vosso
descontrole emocional, podem se complicar por tempo indefinido, exigindo de vós maior
cota de lágrimas para que se equacionem.
Dentro
da situação de relativo desconforto em que vos encontreis, refleti que, em verdade, se a
Lei Divina se vos aplicasse com todo o vigor, estaríeis, por justiça, em quadros de
padecimentos inimagináveis.
O
problema cármico do homem, por ação da Infinita Misericórdia, está sempre aquém de
suas reais necessidades de reajuste.
Seja,
assim, qual for o obstáculo que estejais enfrentando, em meio às surpresas
desagradáveis que vos acometem em vosso relacionamento uns com os outros, predisponde-vos
ao perdão e não enveredeis por caminhos que não vos conduzam à compreensão e à plena
aceitação dos reveses.
Sob os
auspícios da fé, qualquer carma se atenua. A dor, dependendo da opção que façais,
tanto vos pode impulsionar o espírito no rumo de incontida ascensão, quanto
endereçá-lo às profundezas abissais do infortúnio.
Filhos,
tomai consciência de vossas limitações e submetei-vos à prova, sem, contudo,
valorizá-la
As
sementes do bem constituem-se em grãos de crescimento imediato, ocupando, em vossa
lavoura íntima, a gleba onde, até então, reinavam, soberanos, apenas os acúleos do
mal.