Progresso dos Espíritos

Revista Espírita, outubro de 1860

(Médium, senhora Costel.)

       Os Espíritos podem avançar intelectualmente, se o querem sinceramente e com firmeza; eles têm, como os homens, seu livre arbítrio, e o seu estado errante não impede o exercício de suas faculdades; ajuda-os mesmos dando-lhes os meios de observação que podem aproveitar.

       Os maus Espíritos não são fatalmente condenados a permanecer como tais; podem se melhorar, mas o querem raramente, porque lhes falta discernimento, encontram uma espécie de prazer malsão no mal que fazem. Para que eles retornem ao bem, é necessário que sejam violentamente atingidos e punidos; porque seus cérebros tenebrosos não se esclarecem senão pelo castigo.

       Os Espíritos fracos não fazem o mal por prazer, mas não avançam, são retidos pela sua própria fraqueza, e por uma espécie de entorpecimento que paralisa as suas faculdades; veem sem saber onde; o tempo passa sem que o meçam; interessam-se pouco pelo que veem; e disso não tiram proveito ou com isso se revoltam. É necessário ter chegado a um certo grau de adiantamento moral para poder progredir no estado de erraticidade; também esses pobres Espíritos escolhem frequentemente muito mal as suas provas; eles procuram, sobretudo, estar o melhor possível na sua vida carnal, sem muito se inquietar do que se lhes sucederá além dela. Esses Espíritos fracos aspiram ardentemente à encarnação, não para se depurarem, mas para viverem ainda. Os seres que cumpriram muitas migrações são mais experientes do que os outros; cada uma de suas existências depositou neles uma soma de conhecimento mais considerável; eles viram e retiveram; são menos ingênuos do aqueles que estão próximos de seu ponto de partida.

Georges.

Allan Kardec  -  Revista Espírita de outubro de 1860

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